Boletim Epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), nesta terça-feira (25/06), registrou queda de 26% no número de agressão por quirópteros (morcegos) no estado este ano. De janeiro a maio de 2019, foram registrados 112 casos, contra 151 em 2018. Em todo o ano passado, foram 368 registros.
A FVS atribui a redução ao trabalho que vem sendo realizado nas áreas com maior número de notificações, principalmente, por meio de captura e controle das colônias de morcegos, realizados tanto pelas equipes treinadas pela FVS quanto durante as supervisões e acompanhamentos do corpo técnico da gerência de zoonoses da FVS.
O município de Barcelos, cidade que apresentava incidência alta dessas agressões, teve redução significativa. Em 2018, foram 93 casos registrados no município e, até maio deste ano, foram registradas sete. O órgão alerta para a importância de evitar contato com morcegos hematófagos, aqueles que se alimentam de sangue e podem transmitir raiva.
A diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, salienta que os morcegos hematófagos podem ser encontrados, principalmente, em áreas periféricas da cidade, atraídos pelos animais criados em quintais, como galinhas e porcos. “A FVS realiza, por meio da Gerência da Zoonoses, o monitoramento da vigilância da raiva. Os dados epidemiológicos são essenciais para tomada de decisão em tempo oportuno”, destaca.
Rosemary acrescenta que todo o atendimento antirrábico deve ser notificado, independentemente de ter indicação de receber vacina ou soro antirrábico. “O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) é o principal instrumento para decisão de conduta de profilaxia a ser adotado pelo profissional de saúde, quando bem preenchido e notificado”, pontua.
De acordo com o médico veterinário Hamid Ataide Miguel, da Gerência de Zoonoses da FVS-AM, a espécie de morcego Desmodus rotundus é a que mais transmite a raiva e deve ser controlada. No entanto, o veterinário alerta que existem muitas espécies de morcegos que são completamente inofensivas ao ser humano e ajudam a manter o ecossistema equilibrado.
“Sem saber diferenciar qual a espécie prejudicial, não devemos sair matando todos os morcegos”, afirma Miguel.
A raiva pode ser transmitida tanto pela mordida do morcego como por animais domésticos, como cães e gatos que tenham sido mordidos pelo transmissor da doença. Por isso, segundo o veterinário, é importante manter as campanhas de vacinação desses animais nos municípios e evitar a ocorrência de raiva.
“A FVS recomenda que todos os responsáveis por cães e gatos fiquem atentos para manterem em dia a vacinação de seus animais. A vacinação é anual, e todos somos responsáveis por manter o Amazonas livre da raiva”, disse.
Para o técnico de zoonoses da FVS, Raimundo Barreto, o controle das colônias dos morcegos hematófagos é primordial para diminuir o número de agressões por morcegos e desta forma, diminuir o risco de transmissão do vírus da raiva.
“É importante chamar atenção para as medidas de proteção individual, com intuito de evitar contato com morcegos. Além disso, em caso de agressão, procurar, de imediato, uma unidade de saúde, para avaliação médica”, destacou.
Imunização – Em comunidades ribeirinhas, rurais e de garimpos, as agressões são tão comuns e antigas que muitas pessoas consideram a mordida como um problema menor e normal da vida dura da floresta, e por essa razão muitas vezes deixam de procurar atendimento médico nos postos de saúde para notificação e tratamento.
O trabalho de imunização antirrábica da população é realizado pelas secretarias municipais de saúde. O controle das populações dos morcegos hematófagos também é realizado pelas secretarias, com assessoria da Gerência de Zoonoses da FVS-AM. A Fundação é responsável pelo fornecimento do soro e da vacina para tratamento profilático dos pacientes. A distribuição dos imunobiológicos é realizada por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI).
Conforme levantamento da Gerência de Zoonoses, da FVS-AM, foram registrados, de janeiro até o dia 17 de junho de 2019, 3.289 atendimentos antirrábicos humanos (incluindo atendimentos que envolvem agressões por animais como cães, gatos, morcegos, macacos, animais herbívoros domésticos e outros). Entre os municípios atendidos estão Manaus, com 1.828 atendimentos; Coari, com 98; e Parintins, com 94.
Situação epidemiológica da doença – Após 30 anos sem registros de casos de raiva humana – embora havendo a circulação do vírus silvestre –, o Amazonas registrou, em novembro de 2017, três casos confirmados da doença, com dois óbitos, todos na mesma família. Depois disso, não houve mais registros. Na ocasião, foram a óbito dois irmãos: um adolescente, de 16 anos, e uma menina, de 10. Já o terceiro irmão, de 14 anos, conseguiu sobreviver à doença e está sendo assistido na FMT-HVD.
Como evitar contato com morcegos hematófagos
Com o objetivo de alertar a população sobre como se prevenir da raiva, a FVS-AM listou dicas sobre como evitar ser mordido pelos morcegos hematófagos:
· Vedar todas as frestas existentes nas paredes e no telhado de casa
· Manter todas as portas e janelas fechadas durante a noite. No interior do estado, uma alternativa é colocar malhadeira (rede de pesca) fina para pequenos peixes ou telas de arame ou de plástico nas janelas para impedir a entrada de morcegos
· Manter a luz ou lamparina acesa durante toda a noite, já que os morcegos hematófagos evitam a luminosidade
· Dormir em rede e/ou cama com mosquiteiro (cortinado) para evitar que o morcego hematófago se aproxime das pessoas que estão dormindo.
O que fazer em caso de mordida por morcego
· Logo que perceber que a pessoa foi mordida pelo morcego, lavar bem com muita água e sabão, higienizando bem o ferimento
· Encaminhar a pessoa agredida a uma Unidade de Saúde mais próxima de casa para avaliação médica e iniciar imediatamente o tratamento com soro e vacina antirrábica humana.