Em café da manhã com jornalistas estrangeiros em Brasília, Jair Bolsonaro ataca antecessores e denuncia “fake news”. A correspondente do jornal Le Monde analisa a postura do presidente brasileiro, na edição deste sábado (20).
Segundo o UOL, em café da manhã com jornalistas estrangeiros em Brasília, Jair Bolsonaro ataca antecessores e denuncia “fake news”. A correspondente do jornal Le Monde analisa a postura do presidente brasileiro, na edição deste sábado (20).
“Geralmente na defensiva, às vezes ameaçador, chamando antecessores de corruptos ou traidores da Pátria, criticando as ‘fake news’ e as mentiras, segundo ele, veiculadas pela mídia” – assim a correspondente Claire Gatinois descreve o comportamento de Bolsonaro, em reunião com a imprensa estrangeira, no palácio do Planalto, na sexta-feira (19).
Le Monde explica aos leitores franceses que Bolsonaro está à frente de “um Brasil imerso há quatro anos em uma crise econômica sem precedentes, fustigado pelo desemprego em massa (13 milhões de pessoas sem trabalho) e castigado pelo retorno da miséria”. Mas ele garante: “ninguém morre de fome no Brasil, são mentiras”.
[Apesar da perplexidade que paira na sala, ele insiste: “As coisas não vão bem, mas aqui não se vê gente, mesmo os mais pobres, esqueléticos como no resto do mundo”.
“Jair Bolsonaro se vê como investido de uma missão sagrada e pensa que o Brasil, graças a ele, está a caminho da prosperidade”, diz Le Monde, retomando a frase em que ele diz que, se Deus quiser, o país será governado para sempre por líderes como ele próprio e não mais por presidentes como Fernando Henrique Cardoso, Lula ou Dilma.
“A Amazônia é do Brasil, não de vocês!”, fala o presidente brasileiro sobre a questão ambiental. A respeito dos relatórios do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que demonstram estatísticas cada vez mais alarmantes sobre o desmatamento, Bolsonaro diz suspeitar que o presidente do INPE trabalhe para uma “ONG” e que vai convocá-lo.
Para ele, as imagens de satélite são mentirosas. Bolsonaro e primeiro escalão estão convencidos de que o interesse internacional se deve às riquezas da floresta. “Não somos ingênuos”, diz o general Augusto Heleno. A respeito da questão indígena, o presidente diz que as comunidades vivem como na pré-história.
Segundo Le Monde, Bolsonaro está convencido de viver num mundo repleto, segundo ele mesmo, de “socialistas”, de “corruptos” e de “fake news”. Antes de terminar a reunião, ele faz questão de falar ao correspondente russo do “profundo respeito” que tem por Vladimir Putin.
Bolsonaro aproveita também, observa o jornal francês, para confirmar que pretende nomear o filho Eduardo para ser embaixador do Brasil em Washington, para servir de “vitrine do mundo”.