MANAUS – O vazamento de informações privilegiadas no processo de privatização da Eletrobras envolvendo o senador Eduardo Braga (MDB-AM), na semana passada, traz à tona o escândalo da obra da Arena da Amazônia, em Manaus, no ano de 2016, no qual Braga foi acusado por empresários da construtora responsável pela obra, Andrade Gutierrez, de “cobrar propina”, em delação premiada da Operação Lava Jato. A prática escusa era recorrente, segundo os depoimentos.
Conforme noticiado pela REVISTA CENARIUM, existe uma denúncia para que seja investigada a relação entre Eduardo Braga e o empresário e acionista da Eletrobras, Lírio Parisotto, apresentada neste mês na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo os parlamentares Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Glauber Braga (Psol-RJ), responsáveis pela queixa, há indícios de violação de regras que favoreceriam Lírio na privatização da companhia, já que Braga será o provável relator da medida provisória que prevê a privatização da empresa no Senado.
Os deputados destacaram a relação próxima entre o senador amazonense e o empresário. O empresário, inclusive, foi suplente do senador nas 54ª e 55ª legislaturas do Senado, pelo Estado do Amazonas.
Para os parlamentares, a relação próxima dá a Lírio Parisotto grande influência política e, possivelmente, acesso a informações privilegiadas no debate sobre a privatização da empresa, o que “potencialmente cria vantagens que violam as normas de mercado”.
Arena da Amazônia
A suspeita atual de favorecimento da Eletrobras lembrou outra irregularidade denunciada feita há cinco anos contra o senador do MDB. Em 2016, a TV Globo teve acesso, com exclusividade, a trechos de depoimentos dos ex-executivos da construtora, nos quais detalhavam que, para ganhar a obra da Arena da Amazônia, pagaram propina ao governo e que “pagar propina para o Governo do Amazonas era rotina”. Eduardo Braga foi governador do Estado durante os anos de 2003 a 2010.
Na delação premiada, Clóvis Primo e Rogério Nora de Sá revelaram também aos procuradores da Lava Jato que a Andrade Gutierrez obteve informações privilegiadas do governo estadual à época. Segundo a reportagem, os dois ex-executivos disseram também que a construtora inclusive ajudou na elaboração do projeto e do edital da licitação.
“O ex-executivo Clóvis Primo disse aos procuradores que a Andrade Gutierrez tinha preferência pela obra, porque a empresa estava instalada no Amazonas havia muitos anos. Segundo a delação, já havia uma combinação com o então governador Eduardo Braga do MDB, que valeu pelos oito anos do governo dele: propina de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira”, dizia a reportagem.
Clóvis Primo contou ainda que Braga era “jogo duro”: fazia ameaças, se houvesse atraso no pagamento da propina. Já Rogério Nora de Sá estimou que foram pagos de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões de reais ao então governador.
Veja a reportagem:
Fonte: Agência Cenarium