Ouro avaliado em R$ 18 milhões e desviado por agentes de segurança está desaparecido, diz MP/AM

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Segundo o MP/AM, não há nenhuma informação sobre a localidade da carga de ouro desviada pelos agentes de segurança (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)
Segundo o MP/AM, não há nenhuma informação sobre a localidade da carga de ouro desviada pelos agentes de segurança (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

MANAUS – O Ministério Público do Amazonas (MP/AM) informou nesta sexta-feira, 9, que os 60 quilos de ouro desviados por agentes de segurança desapareceram e não há informações sobre o paradeiro da carga. O material foi avaliado pelo órgão ministerial no valor de R$ 18 milhões, levando em conta o preço do ouro em R$ 300 o grama.

Um dos suspeitos pelo desvio é o delegado Samir Garzedim Freire, que atuava como secretário estadual executivo adjunto de Inteligência do Amazonas (Seai). O oficial foi preso nesta sexta, durante a operação “Garimpo Urbano”, deflagrada pelo MP/AM e a Polícia Federal (PF).

A operação investiga o desvio de cargas de ouro, obtidas durante abordagem aos transportadores. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão no Amazonas e no Pará. As ações foram coordenadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Delegado Samir Freire foi preso durante a operação (Reprodução)

Além de Freire, também foram presos os agentes de polícia Adriano José Frizo, Jarday Bello Vieira e André Silva da Costa. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra Jociel Andrade de Freitas, Wagner Flexa Saita e Raimundo José Cruz Júnior, o coronel da reserva, Daniel Picolotto Carvalho, e o filho e ex-PM, Daniel Alves Picolotto Carvalho.

Mais cedo, o Governo do Amazonas informou que todos os agentes públicos do Estado, que foram alvos da operação, serão afastados dos cargos que ocupam e exonerados das funções. Ainda segundo o governo, condutas ilícitas como essas, vindas de qualquer servidor público estadual, não serão toleradas e que vai colaborar com as investigações do caso.

Desvio

O desvio de ouro, extraído por garimpeiros possivelmente clandestinos, ocorria por meio de ameaças contra os transportadores do material. Os fatos aconteceram em, pelo menos, três episódios, mas o MP/AM não descarta a existência de outras vítimas. Segundo as investigações, que correm sob sigilo, os crimes ocorriam desde 2019 e a secretaria usava da estrutura, pessoal e da “expertise” no monitoramento e abordagem dos condutores.

Umas das estruturas utilizadas pela pasta era o “Guardião”, equipamento que serve para fazer interceptações, como quebra de sigilo telefônico e telemático, autorizadas pela Justiça.

O promotor de Justiça Armando Gurgel Maia, membro do Gaeco, lembra que o Ministério Público do Estado do Amazonas, como os demais Ministérios Públicos do País, tem recomendado aos governos que o Guardião fique sob a responsabilidade da Polícia Civil.

“Essa recomendação, vou verificar se já foi emitida pela Proceap, e em seguida tratar disso em âmbito de Governo do Estado para que essa situação seja o quanto antes definida e corrigida pelo nosso governador do Estado, pela Secretaria de Segurança Pública, para que o Guardião fique onde deve permanecer, sob a observação da Polícia Civil”, destacou o promotor.

Alberto Rodrigues também expressou preocupação sobre como os servidores chegaram às vítimas. Segundo ele, há claros indícios de que os agentes tinham conhecimento de informações privilegiadas sobre os transportadores de cargas.

“Acendeu também o alerta vermelho, não só porque estava sendo utilizado pessoal, veículos e a própria estrutura da Seai para levar a essas pessoas, o que já é uma certa coação. Há também uma preocupação e está sob investigação do Ministério Público, como era feita esse monitoramento e quais eram os mecanismos de verdade que estavam sendo utilizados para monitorar essas pessoas, incluindo a intercepção telefônica”, salientou o promotor.


Fonte: Agência Cenarium

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