Kwai e TikTok chegam às eleições com poder viral e campanhas fora de época

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Feeds de TikTok e Kwai já indicam a polarização eleitoral de 2022Imagem: Reprodução

Redação – Com vídeos de até três minutos, dancinhas e virais, a corrida eleitoral vem sendo pavimentada no Kwai e no TikTok. Os aplicativos das duas redes sociais foram os mais baixados pelos brasileiros em 2021, segundo a agência App Annie e, na visão de especialistas ouvidos pelo UOL, têm potencial de influência na disputa eleitoral deste ano.

“As redes sociais são os espaços em que a esfera pública se articula. Se antes isso se dava em centros políticos, escolas, universidades e bairros, agora vemos esse debate em um espaço um pouco mais evidente, que é o espaço das redes sociais”, explica Issaaf Karhawi, estudiosa de influências digitais e redes sociais.

Dados da Comscore apontam que, no Brasil, dos 126,5 milhões de habitantes com acesso à internet, 97,6% usam redes sociais. Do total de conectados, 58% são usuários do TikTok e 35%, do Kwai. Segundo a App Annie, o brasileiro gasta, em média, 5h40 do seu dia em aplicativos, onde consome boa parte das informações do noticiário nacional.

Com a ampliação do uso das redes sociais, as campanhas não ocorrem apenas nas eleições, diz Ivan Paganotti, pesquisador sobre fake news e pós-verdade. As campanhas continuam ativas mesmo fora do período eleitoral.

“A verdade é que eu sinto falta de quando as campanhas políticas só apareciam de quatro em quatro anos, ou no máximo de dois em dois”.

Para Karhawi, é “um equívoco” separar online, offline, e virtual do real: “Essa separação não existe mais”. Ela menciona as campanhas para que os jovens tirassem os títulos de eleitor como exemplos do impacto que as redes podem provocar no cenário eleitoral.

“Há pouco vimos campanhas de celebridades e influenciadores convocando esses jovens para tirar o título de eleitor. São jovens que já estão mobilizados por conta da internet e têm se engajado politicamente por causa das redes sociais”, afirma.

Funcionamento

A linha do tempo principal dos dois apps é composta, em sua maioria, por vídeos de perfis que o usuário não segue. A distribuição é feita por um algoritmo que avalia as preferências individuais. Para isso, apresenta todo o tipo de conteúdo e leva em consideração o engajamento (compartilhamento, curtida ou comentário) e o tempo gasto pelo usuário assistindo aos vídeos. Para os criadores de conteúdo, a viralização das publicaçõles é mais importante do que o total de seguidores.

O objetivo final da linha do tempo é apresentar um conteúdo personalizado, com o envio de vídeos que mais correspondem ao perfil. Há também a opção de visualizar os vídeos classificados de acordo com hashtags, num formato não muito diferente do que ocorre no Instagram e no Twitter.

Enquanto o TikTok ficou conhecido pelas dancinhas, o Kwai se popularizou pelos esquetes de humor e atuações novelescas, atraindo públicos diferentes e apresentando ferramentas distintas para os discursos políticos. No Kwai, diferentemente do TikTok, há uma lista que aponta os principais assuntos do dia.

Uso político das plataformas

O TikTok chegou ao Brasil em 2014 com o nome de “musical.ly”, voltado para edição de vídeos curtos e musicais como forma de entretenimento. A mudança de nome ocorreu em 2018, mas o propósito se manteve. Tanto o perfil dos usuários quanto a proposta de uso não abria muito espaço para manifestações políticas.

O debate político chegou à plataforma com a popularização recente do TikTok. Por ser uma rede social com muitos influenciadores pagos para produzir conteúdo, é vedado, a eles, postagens financiadas por políticos ou com objetivos políticos e eleitorais.

A popularização dos apps criou nichos políticos específicos, principalmente no TikTok, elencados na na linha do tempo do usuário de acordo com o algoritmo. Há duas hashtags que exemplificam essa polarização, a #leftiktok e a #rightiktok (do inglês, “tiktok de esquerda” e “tiktok de direita”, respectivamente).

São os próprios usuários — geralmente militantes, e não políticos — que classificam os conteúdos, que aparecem também combinados com outras hashtags, como #comunismo, #feminismo, #socialismo, #liberalismo, #capitalismo e #anticomunismo.

Com informações Uol

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