
Manaus/AM – O ser humano é complexo. Entendê-lo, do ponto de vista fisiológico, significa olhar primeiramente para as individualidades, afinal, estamos falando de um ser que, embora apresente a mesma anatomia, se diferencia um do outro através do DNA. Na era da tecnologia, os avanços nos estudos da genética se aliaram à medicina, criando uma área vital para individualizar os cuidados com a saúde e garantir uma melhor qualidade de vida: a medicina de precisão.
A especialidade vem desempenhando um papel fundamental na prevenção de doenças e na garantia de um envelhecimento saudável, foi o que especialistas apontaram durante o 4º Exame Fórum Saúde, realizado em São Paulo, na última quarta-feira (30). “A medicina de precisão quer utilizar o que está escrito no DNA, no genoma, para desenhar uma medicina específica para aquele indivíduo”, explicou a pesquisadora da USP e líder do projeto Genoma Brasil, Lygia da Veiga Pereira.
De acordo com o gerente médico de Genômica e coordenador do programa de medicina de precisão do Hospital Israelita Albert Einstein, João Bosco Oliveira, a medicina de precisão foi difundida no Brasil, inicialmente como uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico, mas que hoje também é utilizada no tratamento preventivo, oncológico, na cardiologia e outras especialidades.
“A adoção dessa genética começou mais para diagnóstico. Em neurologia, por exemplo, há doenças graves que ao invés de ir pesquisando gene a gene, hoje em dia se utilizam ferramentas que estudam todo o genoma do indivíduo”, explica o médico.
“A aplicação em oncologia é enorme nos últimos anos. Ninguém trata mais um tumor genérico, estuda-se sempre a genética tumoral hoje em dia para saber qual a melhor droga a se aplicar nesse caso. Outra aplicação em oncologia é estudar se você tem um risco igual a população normal ou muito superior em um determinado tipo de câncer”, completa Oliveira.
Desafios
Em crescimento no País, a medicina de precisão ainda esbarra em desafios primordiais, conforme aponta Lygia. Para a especialista, o primeiro deles é conseguir desenvolver a especialidade dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), estendendo os benefícios do segmento a toda população. O segundo, é como aplicar isso à população brasileira.
“80% do que a gente conhece sobre genoma humana foi aprendido estudando genoma de pessoas brancas, de ancestralidade europeia, então essa medicina de precisão só é totalmente precisa para pessoas dessa ancestralidade. A falta de diversidade é um problema e a nossa população tem essa diversidade linda que vem dos povos indígenas, dos africanos e dos europeus”.
Com informações do Portal A Crítica