Guerra “vai demorar” e risco nuclear aumenta, diz Putin

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Presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou.
Sputnik/Sergey Guneev/Kremlin via REUTERS

Redação – Quase 10 meses após o início da invasão da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na quarta-feira (7) que o conflito ainda vai “demorar um pouco”, ao mesmo tempo em que alertou sobre a ameaça “crescente” da guerra nuclear.

Falando em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da Rússia no Kremlin, Putin disse que Moscou vai lutar com “todos os meios à nossa disposição”, naquilo que ele insiste em chamar de “operação militar especial”, mas também disse que não via necessidade imediata de mobilizar mais tropas.

“No que diz respeito à natureza prolongada da operação militar especial e seus resultados, é claro, vai demorar um pouco, talvez”, afirmou.

Sem excluir categoricamente o uso de armas nucleares, Putin disse que via o arsenal nuclear russo como um dissuasor – e não uma provocação.

“Quanto à ideia de que a Rússia não usaria tais armas primeiro em nenhuma circunstância, isso significa que ela não seria capaz de ser a segunda a usá-las também – porque a possibilidade de fazer isso em caso de um ataque ao nosso território seria muito limitada”, disse.

“No entanto, temos uma estratégia. Como defesa, consideramos sim as armas de destruição em massa, as armas nucleares – tudo é baseado no chamado ataque de retaliação”, continuou. “Ou seja, quando somos atingidos, atacamos em resposta”.

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O presidente russo, Vladimir Putin, fala em uma cerimônia de premiação em Moscou em 5 de dezembro de 2022. Colaborador/Getty Images/FILE

O líder russo disse que as armas nucleares dos Estados Unidos estavam localizadas em grande número em solo europeu, enquanto a Rússia não havia transferido suas armas nucleares para outros territórios e não planeja fazê-lo, mas, ao mesmo tempo, “protegerá seus aliados com todos os meios à sua disposição, se necessário”.

“Nós não enlouquecemos. Estamos conscientes do que são as armas nucleares. Nós temos esses meios, eles estão em uma forma mais avançada e moderna do que os de qualquer outro país nuclear, isso é óbvio”, pontuou. “Mas nós não vamos brandir essas armas como uma navalha, correndo ao redor do mundo”.

“Resultado significativo”

Putin também disse que não há necessidade de mobilização adicional de tropas russas agora, dizendo que sugestões para mais destacamentos “simplesmente não fazem sentido”.

Dos 300 mil homens convocados para a mobilização parcial da Rússia, metade está atualmente na Ucrânia – e desses, apenas 77 mil estão em unidades de combate, enquanto os demais estão em forças de defesa ou treinamento, segundo o líder russo.

Enquanto isso, em resposta a uma pergunta, ele descreveu os ganhos territoriais como um “resultado significativo para a Rússia”.

Em setembro, Putin anunciou a anexação de quatro regiões ucranianas – Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia – em um processo que violou o direito internacional.
No entanto, a Rússia atualmente controla apenas 60% da região sul de Kherson. As tropas do país foram forçadas a se retirar da capital regional da cidade de Kherson no mês passado em um recuo humilhante, embora ainda controlem a costa ao longo do mar de Azov.

“Sejamos sinceros, o mar de Azov tornou-se um mar interno da Federação Russa. Isso é muito importante”, elogiou.

No entanto, em Zaporizhzhia, o órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas vem alertando repetidamente sobre o risco de um acidente nuclear. A maior usina nuclear da Ucrânia está ocupada pelas forças russas desde março e foi abalada por explosões nos últimos meses em meio aos combates nas proximidades. Kiev e Moscou se culpam mutuamente pelos ataques.

No início desta semana, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo descartou propostas da Agência Internacional de Energia Atômica para criar uma zona desmilitarizada ao redor da fábrica, alegando que ela estava em “território russo e é totalmente controlada pela Rússia”.

Onda de ataques

Os comentários de Putin acontecem perto da chegada do inverno, com a Rússia ainda protegendo partes do leste e do sul da Ucrânia – e enfrentando ataques no seu próprio solo.

No início desta semana, a Rússia desencadeou uma onda de ataques de drones e mísseis por toda a Ucrânia, tendo como alvo a infraestrutura energética do país. Desde o início de outubro, a Ucrânia enfrenta uma grande onda de ataques contra infraestruturas críticas e fontes de energia.

As ações recentes causaram imensos blecautes em várias regiões, incluindo Kiev e Odesa, deixando muitas famílias sem eletricidade. As equipes de reparo ucranianas trabalharam freneticamente para restaurar a energia em todo o país, mas seus esforços estão sendo retardados por temperaturas abaixo de zero e o mau tempo.

Enquanto isso, a Rússia acusou a Ucrânia de usar drones para atacar aeródromos militares muito dentro de seu território na segunda e terça-feira – uma violação extraordinária da afirmação do governo russo de que ele pode proteger seu próprio país.

A Ucrânia não confirmou nem negou a responsabilidade pelas explosões, em conformidade com a política de silêncio oficial de Kiev em torno de ataques dentro da Rússia ou na Crimeia ocupada pela Rússia.

No entanto, em uma aparente referência aos ataques, um assessor do presidente Volodymyr Zelensky tuitou enigmaticamente que “se algo for lançado no espaço aéreo de outros países, mais cedo ou mais tarde objetos voadores desconhecidos voltarão ao ponto de partida”.

Com informações da CNN Brasil

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