Manaus/AM – Nem mesmo a chuva, que surpreendeu a cidade neste fim de semana, foi o suficiente para impedir que o Rio Negro atingisse o menor nível desde que passou a ser medido, há 121 anos. A vazante levou à menor cota da série histórica na manhã desta segunda-feira, 16, quando o rio chegou a 13,59 metros. Esta marca supera a registrada em 2010, quando o rio alcançou 13,63 metros, nessa que, até então, era a seca mais severa.
A situação é alarmante, com praticamente todas as cidades do Amazonas afetadas pela seca severa deste ano. Apenas dois dos 62 municípios do Estado, Presidente Figueiredo e Apuí, estão em normalidade. A estiagem já deixou 55 municípios em situação de emergência e afetou cerca de 451 mil pessoas em todo o Amazonas, especialmente as comunidades ribeirinhas, que enfrentam a escassez de alimentos e água potável.
Os dados são do Porto de Manaus, que monitora o nível das águas. A situação é agravada pela seca, que é recorde, e tem deixado comunidades isoladas e causado prejuízos na navegação de embarcações e no escoamento de produção.
Além disso, a cidade enfrenta uma grave crise ambiental, com fumaça proveniente de queimadas na região metropolitana, resultando em uma das piores qualidades do ar no mundo. A orla da cidade está irreconhecível, com o rio substituído por bancos de areia e pequenos filetes de água. A Praia da Ponta Negra, um dos principais balneários da cidade, teve que ser interditada, e o cenário no famoso ponto turístico mudou drasticamente.
A situação também afeta o transporte de passageiros, com cooperativas de barqueiros tendo que levar menos passageiros por viagem e, consequentemente, revisar os valores do transporte. Os prejuízos enfrentados pelos trabalhadores do setor de transporte fluvial são significativos, e o futuro permanece incerto.
A seca fora do comum nos rios da Amazônia tem relação com o fenômeno El Niño e o aquecimento do Atlântico Norte, tornando a situação ainda mais crítica. Foram confirmadas as previsões da Defesa Civil e do Serviço Geológico do Brasil(SGB), de que o ápice da estiagem ocorreria na segunda quinzena de outubro.
Com informações da Agência Cenarium Amazônia