
Redação – Uma megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro contra a facção Comando Vermelho (CV) deixou 64 mortos, nesta terça-feira, 28, nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. Batizada de Operação Contenção, a ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, além de promotores do Ministério Público Estadual, e já resultou na prisão de mais de 100 suspeitos, segundo o Palácio Guanabara.
De acordo com a Agência Brasil, parte dos detidos integra uma facção criminosa com base no Pará, Estado que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), e que vinha se escondendo no Rio. Na operação, foram apreendidos 75 fuzis, além de pistolas, granadas, drogas e rádios comunicadores.
Considerada uma das maiores ofensivas da história fluminense, a ação é resultado de mais de um ano de investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). As apurações levaram à expedição de mandados de prisão e busca e apreensão contra lideranças do CV, apontadas como responsáveis por articular a expansão territorial da facção para outras regiões do Estado e do País.

Entre as vítimas da operação desta terça-feira, ao menos 60 são apontadas pela polícia como suspeitas de envolvimento com o crime organizado. Dois policiais civis e dois militares também morreram durante a ação, cujo número total de mortos ainda está em apuração.
Participam da operação equipes do Comando de Operações Especiais (COE) e de unidades operacionais da PM da capital e da região metropolitana, além de agentes de todas as delegacias especializadas e distritais da Polícia Civil, integrantes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência. O aparato inclui drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM, além de ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
CV lança granadas
Criminosos lançaram granadas contra policiais utilizando drones durante uma megaoperação da Polícia Civil nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 28. A ação, que resultou em mais de 80 prisões, foi marcada por cenas de confronto e intensa troca de tiros registradas em diferentes pontos das comunidades.

Segundo o governo do Estado, os ataques com drones ocorreram principalmente no Complexo da Penha, embora não haja informações sobre feridos. Em reação, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) classificou o episódio como “narcoterrorismo” e afirmou que a estratégia de segurança não será alterada.
“É assim que a polícia do Rio de Janeiro é recebida por criminosos: com bombas lançadas por drones. Esse é o tamanho do desafio que enfrentamos. Não é mais crime comum, é narcoterrorismo. Mas não vamos recuar”, declarou o governador em entrevista coletiva.
Retomada de áreas
Em pronunciamento para a imprensa durante o início das ações, o governador Cláudio Castro afirmou que a mobilização demonstra a disposição do Estado em retomar o controle de áreas dominadas pelo tráfico e criticou a falta de apoio federal. Segundo ele, o governo fluminense deixou de solicitar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) após sucessivas negativas da União.
“Não pedimos dessa vez porque já tivemos três negativas. Entendemos que a política federal é de não ceder. Falaram que tinha que ter GLO, depois disseram que não podia emprestar blindado porque o servidor é federal e o presidente já deixou claro que é contra. Então, a realidade é essa: cada dia há uma razão diferente para não colaborar. A gente entendeu isso e decidiu parar de reclamar e trabalhar”, afirmou o governador.
Castro reforçou que o Estado está atuando de forma independente e seguirá executando as operações necessárias, mesmo que isso signifique, segundo ele, ir além das competências locais. “O Estado, em vez de transformar isso em uma batalha política, está fazendo a sua parte. Estamos, sim, excedendo nossos limites, e se for preciso exceder mais ainda, o faremos na nossa missão de servir e proteger o povo”, completou.
Fonte: AGÊNCIA CENARIUM
