Príncipe William anuncia aliança global para conter violência na Amazônia

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

Redação – O príncipe William anunciou nesta terça-feira, 4, uma nova parceria internacional voltada à proteção dos povos indígenas e defensores ambientais na Amazônia brasileira. O anúncio foi feito durante a quarta Cúpula Global United for Wildlife, realizada no Rio de Janeiro, reunindo mais de 400 parceiros globais.

A iniciativa une o programa United for Wildlife, da The Royal Foundation, à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), ao Fundo Podáali, à Rainforest Foundation Norway (RFN) e à Re:wild. O objetivo é enfrentar o aumento da violência e do crime ambiental na região, que em 2024 resultou na devastação de mais de 1,7 milhão de hectares da floresta amazônica.

“Não podemos gerir as nossas florestas enquanto os seus protetores vivem com medo. E não podemos proteger os defensores ambientais sem proteger os territórios que defendem”, afirmou o príncipe durante o discurso. Segundo ele, a nova parceria buscará fortalecer os sistemas liderados por indígenas, oferecer assistência jurídica e garantir apoio de emergência aos que sofrem ameaças.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Apoio jurídico e fundo emergencial para defensores

A aliança anunciada por William pretende eliminar barreiras à segurança dos líderes indígenas em nove Estados da Amazônia brasileira, com foco na expansão do acesso a apoio jurídico e na criação de um fundo de resposta emergencial. Esse fundo permitirá evacuações, comunicações seguras, instalação de casas de proteção e ajuda humanitária imediata para quem estiver em risco.

Além de medidas práticas, a iniciativa prevê ampliar a visibilidade internacional sobre os direitos indígenas e fortalecer o monitoramento de ameaças por meio de uma plataforma de dados compartilhados. A Coiab representa cerca de 750 mil indígenas, que ocupam 110 milhões de hectares de territórios na Amazônia brasileira.

Para a coordenadora executiva da Coiab, Toya Manchineri, o projeto é um passo essencial. “A segurança daqueles que defendem as florestas com as suas próprias vidas deve ser central nas discussões globais. Para nós, povos indígenas, o território é sagrado: é onde o espiritual e o material se unem, sustentando o nosso bem-estar e a preservação do nosso planeta”, disse.

Crime ambiental em pauta global

Durante a Cúpula, foram também anunciados novos compromissos de governos, empresas e entidades internacionais para combater o crime ambiental. Uma declaração ministerial histórica, coordenada pelo programa United for Wildlife, reuniu mais de uma dúzia de países em torno de medidas conjuntas.

O Brasil anunciou uma coalizão governamental para criar um marco jurídico vinculante de combate ao crime ambiental. Já a Noruega prometeu investir US$ 23 milhões na expansão do programa LEAP, em parceria com a Interpol e o UNODC.

O diretor executivo da United for Wildlife, Tom Clements, ressaltou o papel das comunidades locais na preservação ambiental. “Proteger a terra, os territórios e os recursos dos povos indígenas é uma das formas mais eficazes de proteger a natureza e combater as alterações climáticas”, afirmou. Segundo ele, o diferencial da iniciativa está no fato de ser construída e liderada por mecanismos de execução governados por indígenas, o que reforça a autonomia e o protagonismo das comunidades amazônicas.

A cúpula também contou com o endosso de líderes empresariais latino-americanos, incluindo Natura, Avianca, Gol Linhas Aéreas e EB Capital, que se comprometeram com princípios de combate ao crime ambiental no setor privado.

Dados alarmantes

De acordo com organizações presentes na Cúpula, o desmatamento em terras indígenas é até 83% menor do que em áreas desprotegidas da Amazônia. Ainda assim, a violência contra defensores ambientais aumentou: entre 2023 e 2024, foram registrados 393 casos de agressões e assassinatos. Comunidades indígenas e afrodescendentes responderam por cerca de um terço das vítimas mortas ou desaparecidas.

A nova parceria busca mudar esse cenário ao garantir segurança e visibilidade global para quem arrisca a vida em defesa da floresta. “Devemos proteger os protetores se quisermos garantir o futuro destes ambientes críticos”, resumiu o príncipe.

Fonte: AGÊNCIA CENARIUM

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