
Redação – A filósofa e escritora amazonense Neiza Teixeira lançou, nesta quinta-feira, 6, o livro “Poetas, Filósofos e Xamãs – Um encontro com a Palavra”, no Salão de Eventos do Valer Teatro, no Largo de São Sebastião, Centro de Manaus. O evento é promovido pela Editora Valer, responsável pela publicação da obra.
Com 688 páginas, o livro propõe um diálogo entre três figuras simbólicas da humanidade – o poeta, o filósofo e o xamã – entendidos como “mestres da palavra”, capazes de criar, curar e transformar o mundo. Para a autora, “a palavra é uma manifestação humana que cria o mundo, revitaliza o mundo e nos cria”.
Em entrevista concedida à CENARIUM, Neiza Teixeira descreveu o lançamento da obra como um momento marcado por diferentes emoções. A autora afirmou que a ocasião representa, ao mesmo tempo, alegria e despedida: a primeira, pela chegada da obra ao público; e a segunda, pelo distanciamento natural entre o escritor e sua criação após a publicação.

“O lançamento é uma festa de alegria e de tristeza. Alegria porque o livro chega aos leitores; tristeza porque o autor se desprende dele. O ‘Poetas, Filósofos e Xamãs’ não me pertence mais – agora é dos leitores, daqueles que se interessarem por ele”, declarou.
Em “Poetas, Filósofos e Xamãs”, Teixeira percorre um caminho que vai dos poetas da Grécia antiga – como Homero – aos saberes místicos e ancestrais dos povos indígenas. A autora explica que a ideia do livro nasceu após concluir uma obra anterior. “Faltava dizer alguma coisa. E essa alguma coisa era sobre a palavra – a palavra que cura, que cria, que significa”, disse.
Segundo Neiza, o livro busca estabelecer um elo entre o pensamento racional, representado pela filosofia ocidental, e o pensamento místico e simbólico, presente na tradição xamânica. “O elo é a palavra. O xamã, quando faz o intercâmbio entre o terreno e o divino, tem a capacidade de cura. Essa é a palavra que promove e pronuncia aqueles que são os escolhidos”, explicou a escritora.
Doutora em Filosofia pela Universidade do Porto, em Portugal, Neiza Teixeira nasceu em Parintins (AM) e reside em Manaus, onde atua como coordenadora editorial da Editora Valer. A trajetória da escritora é marcada por pesquisas sobre linguagem, cultura amazônica e saberes tradicionais, com foco na relação entre filosofia, arte e ancestralidade.
Durante o evento, Neiza também falou sobre o processo criativo e o sentido simbólico da obra. “Escrever este livro foi um exercício de escuta – escutar a palavra, escutar o silêncio, escutar o que vem dos antigos e o que ainda não foi dito”, afirmou. Para ela, a escrita é uma forma de atravessamento entre mundos. “O poeta, o filósofo e o xamã são os que caminham nas fronteiras. São eles que mantêm viva a capacidade humana de dizer e de reinventar o real pela palavra”, completou.
Descrito pelo poeta e crítico português José Emílio-Nelson como um ensaio “surpreendentemente inclassificável”, o livro mescla ensaio filosófico, narrativa literária e reflexão simbólica. A obra propõe um encontro entre diferentes modos de pensar e sentir a palavra, reafirmando seu papel como força criadora e espiritual.
Fonte: AGÊNCIA CENARIUM
