Falta de drenagem faz chuvas inundarem ruas em Manaus

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

Redação – MANAUS (AM) – A forte tempestade que atingiu Manaus (AM) entre a noite desse domingo, 7, e a madrugada desta segunda-feira, 8, voltou a alagar ruas e residências na capital amazonense. Com rajadas de vento chegando a 55 km/h e acumulados de até 78 mm em poucas horas, diversas áreas da capital ficaram parcialmente embaixo d’água, expondo problemas recorrentes de drenagem que têm se agravado.

De acordo com a Prefeitura de Manaus, ao menos 68 ocorrências foram registradas em diferentes zonas da cidade durante o temporal. Os bairros Colônia Antônio Aleixo, Cidade de Deus, Puraquequara, Santa Luzia e Santa Etelvina concentraram os maiores volumes de chuva, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Entre as ocorrências atendidas, foram registradas: dez alagamentos, sendo nove na Zona Leste e um na Zona Norte; 29 tombamentos de árvores, sendo quatro na Zona Centro-Oeste, 11 na Zona Leste, cinco na Zona Sul, quatro na Zona Oeste e cinco na Zona Centro-Sul; duas erosões, sendo uma na Zona Sul e uma na Zona Norte; Oito desabamentos na Zona Sul; 12 destelhamentos, sendo oito na Zona Leste, um na Zona Sul, um na Zona Norte, um na Zona Centro-Oeste e um na Zona Centro-Sul; três riscos de desabamento na Zona Leste; um deslizamento de terra na Zona Leste; e dois bueiros danificados na Zona Leste.

Diagnósticos
Um dos diagnósticos mais diretos sobre o problema foi elaborado no trabalho “Diagnóstico da rede de drenagem urbana das seis zonas inundadas e alagadas na cidade de Manaus”, apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), em 2017. O documento analisou pontos críticos de alagamento em todas as zonas da capital e concluiu que a falta de galerias e a baixa capacidade de escoamento pluvial eram determinantes para a repetição dos alagamentos.

Essa realidade também aparece em pesquisas recentes. Em 2023, um artigo publicado na revista científica Acta Geográfica analisou a bacia do Igarapé do Mindu, um dos cursos d’água que mais transborda em períodos chuvosos.

O estudo concluiu que, embora a bacia tenha características naturais favoráveis ao escoamento, a ocupação desordenada reduziu áreas de infiltração, canalizou trechos do igarapé e comprometeu a capacidade de drenagem. O relatório afirma que “a densidade de drenagem urbana é hoje um dos fatores mais importantes para explicar por que áreas específicas inundam mesmo em eventos de chuva intermediária”.

Plano de Drenagem já alertava para o problema
A própria Prefeitura de Manaus já tinha documentada essa fragilidade. O Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), publicado em 2015, apontou 12 bacias hidrográficas com risco de alagamento agravado pela falta de infraestrutura adequada.

O documento previa obras estruturais, criação de reservatórios de retenção e restrições de ocupação em várzeas. O plano ainda identificava gargalos na manutenção da drenagem existente, destacando que “o entupimento de galerias por lixo e sedimentos aumenta significativamente o risco de alagamento em períodos chuvosos”.

Apesar das diretrizes, as inundações continuam frequentes. Em praticamente todos os eventos recentes de chuva forte, áreas que aparecem como críticas nesses estudos — como trechos da Zona Leste, Centro-Sul e Norte — voltam a apresentar ruas alagadas, trânsito paralisado e residências afetadas.

Fonte: AGÊNCIA CENARIUM

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