Descentralização para melhoria da atenção às pessoas vivendo com HIV/Aids nos serviços de saúde de Manaus-AM
O intuito é de qualificar o atendimento nos Serviços de Atendimento Especializado e nas Unidades Básicas de Saúde no estado que tem uma das maiores taxas de detecção do vírus HIV e mortalidade por Aids em todo o país.
O Estado do Amazonas e a cidade de Manaus ocupam a terceira posição em relação aos outros estados e capitais brasileiras com maiores índices de HIV/Aids, tendo sido detectados mais de 15 mil casos no estado entre 1986 e 2016. Desde 2006, o estado vem ultrapassando a média nacional de detecção de novos casos de HIV/Aids
Baseado nesse cenário, no intuito de reduzir as taxas de novas infecções pelo HIV e os índices de a mortalidade por Aids no estado, o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas firmaram em 2014 o Acordo de Cooperação Interfederativa denominado INTERFAM, com o objetivo de organizar os esforços no Amazonas para ações de enfrentamento à epidemia do HIV/Aids.
O acordo definiu alguns municípios prioritários no estado para que se possa aprimorar as políticas para o HIV/Aids voltadas à prevenção junto a populações mais vulneráveis, ao aumento da capacidade e eficiência dos serviços de saúde, à expansão das oportunidades de acesso ao diagnóstico em momento oportuno e ao aprimoramento da gestão.
Desde o princípio da epidemia de do HIV/Aids no Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical – FMT assumiu posição de referência para o atendimento às Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA) no estado. Contudo, diante do aumento significativo nos números da epidemia local, o atendimento especializado em HIV/Aids prestado pela FMT vem apresentando uma sobrecarga nos últimos anos.
Buscando minimizar essa sobrecarga e facilitar o acesso das PVHA em Manaus aos serviços de saúde, no âmbito das ações programadas pela INTERFAM, o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas, a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, a FMT e a AHF – Brasil se uniram para atuarem conjuntamente na estratégia de descentralização de pacientes da FMT para outros Serviços de Atendimento Especializado (SAE) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecidos pela cidade de Manaus.
A Diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde (DIAHV-MS), Adele Benzaken, exaltou a iniciativa como uma contribuição fundamental na melhoria da qualidade do atendimento as pessoas que vivem com HIV. “ao trazermos os serviços para mais próximo das pessoas estamos melhorando a qualidade do nosso atendimento, com impacto muito positivo na saúde e no bem-estar do paciente”. Adele destacou ainda que que a descentralização é um dos alicerces do SUS.
De acordo com o Secretário Municipal de Saúde de Manaus, Marcelo Magaldi, “as ações de diagnóstico e tratamento do HIV em Manaus sempre estiveram concentradas na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. No entanto, com o aumento da sobrevida dos pacientes, promovido pelos avanços tecnológicos e terapêuticos, a Fundação chegou a uma sobrecarga, sendo necessária a descentralização do atendimento. Apesar de já termos avançado na descentralização do diagnóstico do HIV, com a implantação do teste rápido em 147 unidades municipais de saúde e termos disponíveis quatro Serviços Municipais de Atenção Especializada a pessoas vivendo com HIV, reconhecemos que muitos desafios ainda se impõem para garantir a qualidade da atenção a essas pessoas. Diante deste cenário e em função dos desdobramentos da Cooperação Interfederativa do Amazonas, assumimos o compromisso de acelerar os esforços para consolidar a descentralização, com a meta de implantar, até 2022, o tratamento da infecção pelo HIV em pelo menos 15 Unidades Básicas de Saúde e, ao mesmo tempo, ampliar o número de pacientes em acompanhamento nos SAEs municipais, o que esperamos alavancar a partir do lançamento desta campanha, em parceria com a AHF.”
Fotos: Internet
Segundo Beto de Jesus, Coordenador de Prevenção e Advocacy para a AHF Brasil, “a descentralização no atendimento e o cuidado compartilhado são uma preocupação da AHF. Essa nova condução implantada direciona o paciente para a unidade de atendimento correta de acordo com as suas necessidades e complexidade”. Ele ainda aponta um dos principais pilares da AHF no trabalho com a região: “como uma organização internacional, queremos prestar serviços de prevenção, testes de HIV e cuidados de saúde para o maior número possível de pacientes infectados com o vírus, sempre em parcerias com as gestões locais”.
Para a descentralização, serão reorganizados alguns processos dentro das redes de atendimento à saúde com o intuito de assegurar a qualidade e a sustentabilidade da assistência às PVHA no município de Manaus. Será utilizada a estratégia de “navegação”, realizada por profissionais denominados “navegadores”, que serão responsáveis pelo cuidado e auxílio individual de cada paciente em seus itinerários terapêuticos, facilitando qualquer tipo de dificuldade de acesso, vinculação e retenção nos serviços de saúde em suas mais diversas complexidades assistenciais.
“Essa estratégia é uma importante contribuição apresentada pela AHF para garantir o acesso dos usuários ao Sistema Único de Saúde de forma mais equilibrada e com atendimento de qualidade” diz Beto.
A AHF é uma instituição da sociedade civil cuja meta é de assegurar que mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo tenham acesso e estejam em tratamento para o HIV/Aids até 2020. O Brasil já oferece tratamento para todos que vivem com HIV e o foco desse projeto no Amazonas é de cooperar para que todas as pessoas tenham conhecimento sobre sua condição sorológica em tempo oportuno e, quando necessário, consigam acessar os serviços de saúde com mais facilidade e melhor qualidade na atenção.
fonte: Assessoria de Comunicação