Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – A prática esportiva e a alimentação saudável são consideradas por profissionais da área como essenciais para manter ou reduzir o peso. No entanto, em meio ao alto índice de obesidade no Brasil, fazer exercício físico neste período de quarentena tem sido um desafio, conforme o professor de Educação Física, personal trainer e especialista em emagrecimento, Michael Saymon.
Atualmente, segundo estudo da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, 55,7% da população adulta do país está com excesso de peso e 19,8% está obesa. Em meio a esses dados, surgiu a pandemia do novo Coronavírus, que acabou com o livre arbítrio de quem buscava fazer atividades físicas em academias e locais públicos, devido ao risco de contágio da doença. Além disso, pessoas com obesidade também estão no grupo risco mais propenso a ter complicações e morrer de Covid-19.
“A obesidade é uma questão de saúde pública em todo o mundo, que traz consigo diversos problemas e a nossa sociedade vive de uma forma que facilita que o aumento da taxa de obesidade”, pontua o especialista à REVISTA CENARIUM.
Segundo Saymon, grande parte da população não tem o costume e a prática de fazer exercício e cuidar da alimentação como deveriam. E, com a quarentena e o isolamento social, ele alerta para o aumento do sedentarismo, que pode aumentar e atingir um maior número da sociedade.
“Muita gente falha na prática do exercício físico regular e com a locomoção limitada e tendo que ficar em casa, diminuindo suas atividades diárias, as pessoas vão engordar mais porque vão ter menos energia sendo gasta e muito mais sendo consumida. Além disso, há as questões mentais por conta do momento complicado de pandemia, que aumentou o estresse, a ansiedade e isso também faz as pessoas engordarem mais rápido”, explica o especialista, que vem ministrando aulas online durante o isolamento social.
Ele enfatiza, ainda, que o grande desafio de um profissional de educação física neste período de Covid-19 é manter as pessoas ativas se exercitando em casa.
Adaptação
O professor de informática Ivalglei Rodrigues, que trabalha em home-office desde o início da pandemia, e vem praticando exercício físico há 60 dias, de três a cinco vezes por semana, afirma que procura buscar estímulo ao olhar o peso na balança.
Em casa, ele treina com uma esteira ergométrica. Segundo Rodrigues, com o tempo mais à vontade, ele tem conseguido praticar atividade física.
“Quero continuar indo para a academia, mas apenas depois que me sentir seguro em relação à pandemia. Por enquanto, continuarei em casa mesmo”, disse, ao falar sobre a possibilidade de continuar praticando exercício físico depois do fim do isolamento social.
Dificuldades na pandemia
Desde o início da instalação de medidas restritivas em todo o Amazonas, Saymon salienta a dificuldade de aceitação de clientes com a forma de ministrar aulas.
No entanto, com o passar do tempo e a criação de conteúdo, divulgando por meio de suas redes sociais como o processo de aula online funciona, ele destaca o aumento no número de alunos.
“Nada substitui o atendimento presencial, mas esses modelos de atendimento online vieram para ficar. O importante é que fazer algo com orientação. Os cuidados com a saúde são primordiais. Por isso, prezo pela segurança para garantirmos bons resultados também”, finalizou.
Comorbidades
Conforme o Ministério da Saúde, a obesidade é uma doença caracterizada pelo excessivo acúmulo de gordura corporal e normalmente está associada a problemas de saúde, comprometendo ainda mais o estado do indivíduo, sendo um fator de risco para várias doenças, como o câncer, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, apneia do sono, osteoartrite e diabete Melittus tipo dois.
Para saber se você está acima do peso, o diagnóstico é feito por meio do cálculo de índice de massa corporal (IMC), método conhecido mundialmente e criado por Adolphe Quételet, que consiste em dividir o peso do indivíduo (em quilogramas) pelo quadrado de sua altura (em metros).
Exemplo: IMC=peso (kg) / altura (m) x altura (m)
O IMC menor que 18,5 corresponde a pessoas abaixo do peso. Entre 18,5 e 24,9 são consideradas como peso normal. Quem está na marca de 25 a 29,9 é tido como sobrepeso (acima do peso desejado). Igual ou acima de 30 representa pessoas com obesidade.
“Fazer exercício nesse momento é uma ótima válvula de escape para muitas questões que vão desde o físico, mental e social. A principal recomendação para quem vai começar a praticar qualquer atividade física é fazer consulta com um médico. Se estiver tudo certo com a saúde, nenhuma dor ou incômodo que possa atrapalhar a execução da atividade, você está apto para a prática e pode procurar um profissional da área da educação física”, enfatiza o professor Michael Saymon.
Riscos para as crianças
A pandemia ocasionou a suspensão de inúmeras atividades presenciais, como as aulas, que, em algumas cidades, passaram a ser online, fazendo com que crianças ficassem em casa. Como forma de alerta, a nutricionista Renata Vieira explica os distúrbios alimentares ocasionados com a mudança na rotina.
Segundo ela, em casa, as crianças passam a comer mais que quando vão à escola. Ao contrário do colégio, que tem horário definido para o lanche, nos lares a alimentação é de mais fácil acesso e quase difícil de ser controlada.
“Na escola tem horários e uma rotina para ser cumprida, então fica menos acessível para a criança ter contato com alimento. Os distúrbios alimentares acontecem devido a uma mudança de rotina, ou até mesmo pelos hábitos alimentares da família, como a mãe que acredita que criança saudável é criança acima do peso”, enfatiza.
Com isso, ela afirma, oferecer alimentação para o filho a todo instante, mesmo ele não aceitando as vezes, faz com que seja estabelecido o hábito de comer toda hora, ocasionando o aumento de peso.
“Os pais podem colocar rotinas, principalmente, voltadas ao horário de alimentação. Se não quis comer o que está estabelecido, só oferecer na próxima refeição. Se possível, incluir alguma atividade, seja uma caminhada ou atividade física que estimulem a criança a se movimentar, ajudando ainda na redução de ansiedade”, finaliza.
Fonte: Revista Cenarium