Variante P.1. do novo coronavírus nasceu da mutação de reinfectados, aponta estudo

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Estudo realizado em parceria entre a FVS-AM e Fiocruz já identificou 18 variantes no Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Os três casos de reinfecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) registrados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) neste ano ocorreram pela nova variante P.1, identificada a partir de estudo das linhagens do SARS-CoV-1 e considerada como de alto potencial de transmissibilidade. Outros 12 casos de possíveis reinfecções seguem em investigação pela FVS-AM.

A P.1 é uma das 18 variantes do novo coronavírus já mapeadas no Amazonas. O estudo realizado pela Fiocruz Amazônia, em parceria com a FVS-AM, confirmou a origem da P.1 e um aumento substancial na frequência dessa variante nas amostras analisadas.

De acordo com o estudo, entre as amostras analisadas, a variante P.1 respondia, em dezembro, por 51% dos casos. Já no dia 13 de janeiro, esse percentual aumentou para 91%. Também foi identificada a circulação dessa variante em onze municípios do Amazonas, nos estudos realizados em janeiro.

O diretor-presidente em exercício da FVS-AM, Cristiano Fernandes, explica que o trabalho com a Fiocruz Amazônia fortalece a vigilância genômica como estratégia para o monitoramento viral, em especial do SARS-CoV-2.

“Atualmente já foram identificadas 18 variantes do SARS-CoV-2 no Amazonas, que são monitoradas desde março de 2020, período de registro do primeiro caso de Covid-19. As pesquisas apontam a necessidade de ampliar o monitoramento genômico; e que estudos dessas variantes são necessários para o melhor entendimento da dinâmica de transmissão da doença, e da definição de novas estratégias para o enfrentamento da pandemia”, explicou Cristiano.

O diretor da FVS-AM afirma, ainda, que as mutações são processos evolutivos comuns nos vírus. “O acúmulo de mutações acontece naturalmente pelo número de passagens desse vírus pelo organismo, a partir desse processo alguns vírus acabam mudando seus códigos genéticos explicado pela convergência evolutiva, termo conhecido pela ciência, e a partir daí acabam mudando sua identidade genética gerando novas variantes”, detalhou.

Variante P.1

Assim como o restante das linhagens do vírus, a variante P.1 foi identificada a partir de um trabalho de sequenciamento genético de pessoas infectadas e análise das informações coletadas. Segundo Cristiano Fernandes, o Brasil dispõe de 3 mil sequências mapeadas, sendo 250 apenas do Amazonas. Esse sistema é uma etapa de estudo seguida por pesquisadores de todo o mundo, inclusive no Reino Unido e na África do Sul, dois países onde duas outras cepas foram confirmadas.

Na variante P.1, e nas cepas identificadas nesses países, a mutação do vírus localiza-se na proteína Spike e utiliza a área para fazer a ligação com a célula infectada do indivíduo. Paralelamente a isso, a proteína vem sendo o mesmo caminho usado pelos cientistas para produzir a vacina contra o vírus, justificando a importância do monitoramento dessa variante.

Cristiano reforça que os estudos estão em andamento para responder questões sobre o grau de letalidade desta nova cepa, além do perfil de virulência, ou seja, a capacidade daquele agente causar danos ao indivíduo. Embora a hipótese seja adequada, somente a partir dessas evidências, será possível afirmar se o aumento do número de casos e óbitos em Manaus foi causado pela variante do novo coronavírus.

No entanto, o diretor-presidente afirma que a variante P.1 carrega uma maior capacidade de transmissão. E isso está comprovado a partir do monitoramento feito pelo grupo. “A partir da identificação dessa variante, do ponto de vista epidemiológico, o que ela tem mostrado é um potencial de transmissão alto, que a gente chama de transmissibilidade, até em razão do número de casos que tivemos em dezembro, janeiro e fevereiro”, avaliou.

A partir dessa indicação, Cristiano defende que o momento exige da população a continuação das medidas de prevenção. “A população precisa ajudar, não pode relaxar com as medidas de proteção. A gente poderia estar emergindo qualquer variante, se nós tivéssemos adotando a proteção respiratória como rotina, o uso de máscara, medidas higiene coletivas e individuais, uso de álcool em gel, evitar locais com aglomeração. Com isso nós vamos diminuir muito o risco de propagação da doença”, recomendou.

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Fonte: Revista Cenarium

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