Entenda a ‘doença da urina preta’, que matou veterinária em Recife

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Recife – A Síndrome de Haff, que levou a veterinária Cynthia Priscyla Andrade de Souza, de 31 anos, à morte na quarta-feira (03) é considerada uma infecção rara. Ela não resistiu após 14 dias internada no Real Hospital Português, em Recife, depois de ter comido peixe contaminado.

A síndrome de Haff causa falta de ar, dormência, perda de força muscular e urina da cor de café, de onde vem o nome popular da síndrome.

Ela é provocada por uma toxina que se forma na carne do peixe malconservado. “A toxina aparece quando não se acondiciona bem o peixe, que é vendido em feiras e peixarias. Quando a carne perde a qualidade e se deteriora, é comum que se formem bactérias e toxinas. A bactéria é perceptível pelo cheiro e pelo gosto ruim, mas a toxina é imperceptível”, explica o médico infectologista Filipe Prohaska, da Universidade de Pernambuco (UPE).

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A substância ataca a musculatura e causa intensa dor muscular. “O músculo morre e o rim absorve a parte deteriorada, deixando a urina preta nos casos mais graves. Essa absorção contínua pode lesionar o rim e exigir tratamento com hemodiálise”, explica Prohaska.

Priscyla teve morte encefálica declarada após passar por exames clínicos de dois médicos diferentes, que avaliaram pressão, batimentos cardíacos e outros sinais vitais.

A paciente foi diagnosticada com a Síndrome de Haff, conhecida popularmente como a “doença da urina preta”. Ela chegou ao hospital no dia 18 de fevereiro, algumas horas depois de almoçar com a mãe, a empresária Betânia Andrade, a irmã, Flávia Andrade, 36, o sobrinho e duas secretárias.

Após comer um peixe da espécie arabaiana, conhecido como “olho-de-boi”, Priscyla ficou com o corpo enrijecido e sem conseguir se movimentar, o que a fez cair. Na unidade de saúde, Priscyla, que tinha asma, logo teve os sintomas agravados e foi transferida para a UTI, onde faleceu.

A irmã, Flávia, passou por exames e também foi diagnosticada com a síndrome. Ela foi internada no mesmo hospital, mas recebeu alta em 24 de fevereiro e se recupera em casa. O filho de Flávia e as duas secretárias também apresentaram sintomas leves da intoxicação. A mãe foi a única a não ingerir o peixe.

Casos em Pernambuco
De acordo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), 15 casos da “doença da urina preta” foram registrados no Estado e confirmados por critério clínico epidemiológico (4 em 2017, 6 em 2020 e 5 em 2021). Os casos mais recentes estão sendo investigados pela secretaria de saúde de Recife.

A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) informou que, até o momento, não há nenhuma restrição voltada para o consumo de peixes e crustáceos no território pernambucano. Em caso de sintomas sugestivos para doença, a SES-PE recomenda que o paciente procure por atendimento no serviço de saúde mais próximo, relatando os sintomas e o histórico de consumo de pescados.


Fonte: Am Hoje

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