Em Manaus, homem faz apologia a feminicídio após usar ‘fantasia’ de goleiro Bruno e Eliza Samudio

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O caso do homem fantasiado de 'goleiro Bruno' causou revolta entre defensores dos direitos das mulheres e ativistas políticos (Reprodução/Instagram).
O caso do homem fantasiado de ‘goleiro Bruno’ causou revolta entre defensores dos direitos das mulheres e ativistas políticos (Reprodução/Instagram).

Manaus/AM – Um homem ainda não identificado por autoridades policiais do Amazonas promoveu, na madrugada desta segunda-feira, 1º, apologia ao feminicídio da modelo e atriz Eliza Samudio, morta por Bruno, ex-goleiro do Flamengo, há cerca de 11 anos, após usar uma “fantasia” em referência ao crime.

O perfil da rede social do Porão do Alemão, famosa casa de show em Manaus, realizou uma festa de “Halloween” e causou polêmica entre defensores dos direitos das mulheres e ativistas políticos ao compartilhar a foto do frequentador da casa.

No entanto, o estabelecimento, que tem como proprietário o vereador William Alemão (Solidariedade), afirmou que não compactua com apologia ao crime e declarou que a imagem foi publicada por um estagiário que desconhecia o assassinato.

“Sobre a foto excluída: o Porão do Alemão não compactua com apologia a qualquer crime, inclusive, feminicídio. A foto foi postada pelo nosso estagiário que tem 20 anos de idade. O crime foi há cerca de 11 anos. Foi alegado desconhecimento, e a nossa moderação imediatamente ao ver a foto, apagou e advertiu o responsável”, declarou a casa noturna, em uma publicação nos stories do Instagram.

Foto: reprodução.

Em outra publicação, o Porão do Alemão pediu publicamente desculpas pelo ocorrido e que o funcionário responsável por compartilhar a fotografia foi, temporariamente, afastado.

Na fotografia registrada pelo estabelecimento, o homem fantasiado do ex-jogador de futebol do Clube de Regatas do Flamengo, Bruno Fernandes das Dores de Souza, condenado em março de 2013 a 22 anos e três meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho, aparece vestido com a camisa do time rubro-negro carioca com o nome do ex-atleta nas costas. Na ocasião, o rapaz, que não foi identificado até o momento, segura um saco plástico preto, representando a modelo.

Na época do crime, as investigações do crime levantaram indícios de que Eliza Samudio teria sido esquartejada e comida por cachorros e que partes do corpo dela foi, possivelmente, colocado em um saco plástico e jogado na Lagoa Suja, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A modelo, no entanto, nunca foi encontrada.

Apologia ao crime
Para o delegado de Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), João Tayah, é lamentável, repugnante, asqueroso e falta de noção o fato do estabelecimento ter compartilhado a imagem do homem. O policial lembra do artigo 287 do Código Penal brasileiro, que dispõe sobre aquele que fizer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime será apenado a detenção, de três a seis meses, ou multa.

“Feminicídio não é brincadeira. Recebi esta imagem, que supostamente seria de publicação apagada do perfil do Porão do Alemão em redes sociais. A intenção, em tese, era fazer um concurso de fantasias. Mas, na prática, houve uma conduta passível de investigação criminal, que desrespeita todas as mulheres de Manaus e do Brasil, fazendo ‘brincadeira’ com um tema tão grave como o feminicídio.

Para o advogado e ativista político, Efraim Félix, o estabelecimento pode ser condenado ao pagamento de indenização à família da vítima por conta da divulgação do caso nas redes sociais, visto que a casa noturna tem mais de 180 mil seguidores no Instagram.

“Lembrando que fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime pode resultar em detenção ou pagamento de multa e o que o estabelecimento fez ao validar esse escárnio a um feminicídio e divulgar nas redes sociais pode ensejar o pagamento de indenização à família da vítima”, disse o advogado, no Twitter.

A defensora dos direitos da mulher, ativista materna e bacharel em Direito, Alessandrine Silva, afirmou que violência contra mulher não é piada e o Porão do Alemão compactuou com o discurso de ódio contra as mulheres ao compartilhar a foto do homem.

“Nos dois primeiros meses de 2021, o Amazonas registrou mais de mil denúncias de violência doméstica. Em 2020, uma mulher morria a casa sete horas no Brasil. Violência doméstica contra mulher não é piada e o Porão do Alemão ao publicar a foto compactuou com discurso de ódio contra nós”, declarou Alessandrine.

Com informações da Agência Cenarium

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