Manaus/AM – A ministra da Saúde, Nísia Trindade confirmou durante visita em Manaus, capital do Amazonas, nesta segunda-feira, 16, o repasse de cerca de R$ 233 milhões ao Estado e municípios para enfrentamento das consequências da seca extrema na área da saúde. Nísia Trindade assinou duas portarias, que autorizam o envio de recursos ao Amazonas.
A primeira portaria assinada estabelece recursos financeiros no montante de R$ 225 milhões do Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde aos municípios do Amazonas. A segunda estabelece a transferência de cerca de R$ 8 milhões, do mesmo bloco, para a atenção primária nos municípios de Tabatinga, Lábrea e São Gabriel da Cachoeira.
A ministra destacou, durante reunião com autoridades na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que o repasse se baseia em decisões técnicas. “As portarias são frutos de análises técnicas, mas análise técnica em saúde supõe o trabalho em conjunto com estados e municípios, não é decisão de gabinete“, afirmou.
A ministra Nísia Trindade também confirmou que uma equipe da Secretaria de Vigilância em Saúde avalia, junto às secretarias municipais do Amazonas, os impactos da estiagem e queimadas na saúde da população.
“Nesse momento, há uma equipe da secretaria olhando os efeitos da questão ambiental, em relação a doenças infeccionas, como também outros impactos na saúde, por problemas de desassistência, que muitas vezes vem com esses fenômenos. A equipe está indo a municípios do interior e vai estar em diálogo com as secretarias municipais de saúde, coordenada pela Secretaria de Vigilância“, explicou.
Quanto ao atendimento à saúde indígena no Estado, Nísia Trindade ainda afirmou que, na próxima semana, o secretário de Saúde Indígena Ricardo Weibe Tapeba estará no Amazonas para alinhar um plano específico para os povos originários afetados pela crise climática. O ministério também vai enviar reforço médico para as comunidades indígenas.
“São muitas as ações na atenção primária à saúde, incluindo a alocação de mais médicos para os distritos sanitários indígenas“, disse ela. “Eu quero destacar aqui que nós fazemos isso de forma integrada com os distritos sanitários indígenas, que sofrem muito com a estiagem“.
Impactos da seca
O Rio Negro atingiu o menor nível da história nesta segunda-feira, atingindo 13,59 metros. O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) lembrou que a estiagem severa no Estado já deixou 10 mil alunos sem ir à escola e, em algumas localidades, já não é possível mais furar poços artesianos, o que deixa as comunidades ribeirinhas sem acesso a agua potável. Além disso, as queimas intensas prejudicam a qualidade do ar, comprometendo a saúde principalmente de idosos e crianças
“Isso acaba desaguando nas unidades de saúde, principalmente nas unidades básicas de saúde, que são responsabilidade das prefeituras“, disse Lima, afirmando que o governo estadual alinha, junto a prefeitos do Amazonas e o governo federal, medidas para o combate às queimadas.
“Nos próximos dias, eu vou reunir com os prefeitos pra que a gente monte uma estratégia de combate às queimadas. É um projeto que a gente está terminando, com estrutura de carro pipa, treinamento de uma brigada de bombeiros civil formada formada pelos nossos homem do Corpo de Bombeiros, alguns equipamentos, estrutura pra montagem de microssistemas de abastecimento de agua, isso é um projeto em torno de R$ 25 milhões, que esta sendo viabilizado junto ao Ministério da Justiça“, explicou.
Ainda há, de acordo com Wilson Lima, uma promessa do ministro da Justiça, Flávio Dino, para liberação de R$ 15 milhões para aquisição de uma aeronave.
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) lembrou que a estiagem é mais um desafio enfrentado no Estado. “Nós enfrentamos a pior pandemia da história. Depois, na pandemia, enfrentamos a maior de todas as enchentes. Hoje, é um dia histórico, que o rio atinge a menor marca da sua história. (…) Isso requer a nós, administradores das cidades, dos Estados, do País, do mundo, que possamos fazer uma reflexão para que possamos manter o equilíbrio do clima“, afirmou.
Com informações da Agência Cenarium Amazonas