Poder aquisitivo dos amazonenses deve diminuir por conta da seca

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Arte composição Agência Cenarium

Redação – Com o nível dos rios no Amazonas atingindo patamares críticos pelo segundo ano consecutivo, cresceu novamente a preocupação com o aumento dos preços causado pela estiagem, seguida da possível diminuição do poder aquisitivo dos amazonenses, segundo alerta de especialistas.

O economista Lauro Brasil afirmou que a redução do poder de compra dos amazonenses é consequência de uma série de aumentos que poderão ser vistos em caso de inflação provocada pela seca dos rios, afetando desde os alimentos até o transporte.

“A inflação, tanto dos alimentos quanto da energia, inevitavelmente corrói a renda das famílias, reduzindo o que elas conseguem adquirir com o mesmo valor. A questão da logística é, sem dúvida, um ponto fraco na região”, afirma Lauro.

O economista Lauro Brasil aponta as dificuldades que os amazonenses enfrentarão por conta da estiagem no Estado.

A logística é uma problemática que também impacta o custo das operações da Zona Franca de Manaus, já que a navegabilidade dos rios fica comprometida, visto que esses são os principais meios para que os produtos importados cheguem ao Amazonas. Com isso, o transporte de mercadorias é afetado e um valor adicional chamado de “taxa seca” é cobrado pelas transportadoras. Em 2024, esse custo adicional pode chegar a R$ 500 milhões, um valor considerado abusivo e que passou a ser cobrado antes mesmo do agravamento da estiagem, conforme afirma Antonio Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam).

Antonio Silva explica que o custo adicional totalizado vem da cobrança de 5 mil dólares por contêiner, uma situação que pode desencadear um perigoso ciclo de retração econômica: “Se adicionarmos os custos da taxa ao aumento do frete já esperado para o período, bem como às outras questões econômicas, temos um cenário que, fatidicamente, resulta em uma elevação dos preços finais dos produtos manufaturados no Polo Industrial de Manaus”, conclui.

O presidente da Fieam ressalta a indignação com a cobrança da taxa seca em 2024, considerada abusiva. (Foto: Reprodução)

O economista Lauro Brasil volta a ressaltar que o impacto em diversos setores pode gerar uma inflação inercial, porque, mesmo após o fim da seca, os preços que subiram durante o período de escassez tendem a permanecer elevados devido à dinâmica inflacionária já estabelecida. Além disso, mesmo os setores que não são diretamente impactados pelo aumento da logística ou da energia reajustarão seus preços para manter as margens de lucro, visando à queda no volume de vendas. Com isso, as famílias não apenas pagam mais caro pelos alimentos e pela energia, mas também pelos serviços e produtos de uso cotidiano, resultando na diminuição do poder de compra.

A doutora em Desenvolvimento Regional e docente do Departamento de Economia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e economista Michele Aracaty, relatou que esse aumento gera uma problemática também para os produtores e empreendedores da região: “A economia regional enfrenta o segundo ano de seca severa. Esse fenômeno intensifica ainda mais o desafio de empreender na região e provoca, além da elevação de preços em função do frete e do aumento no tempo de deslocamento e entrega do produto, a possibilidade de desabastecimento de produtos”, afirma a especialista.

Michele Aracaty afirma que os reflexos também afetam os produtores e empreendedores locais (Foto: Reprodução)

Outra possibilidade citada pelo economista Lauro Brasil é que, devido às dificuldades, o número de demissões pode também ocorrer nesse período: “Em um cenário de crise econômica, as empresas muitas vezes reduzem seu quadro de funcionários e cortam benefícios, o que pode levar ao aumento do desemprego ou à precarização do trabalho. Isso piora ainda mais a situação, já que, com menos renda disponível, as famílias ficam ainda mais vulneráveis”, conclui Lauro.

Medidas de enfrentamento

Apesar das possibilidades citadas num cenário cheio de agravamentos preocupantes, o economista afirma que existem maneiras de driblar o cenário e reduzir os danos. Confira algumas das dicas abaixo:

Controle do Orçamento Familiar

Revisar orçamentos, evitar gastos supérfluos e focar nas necessidades básicas pode ajudar a atravessar esse período de alta de preços. Além de manter a organização por meio de ferramentas simples como planilhas ou aplicativos de controle financeiro podem otimizar a aplicação dos gastos.

Economia de Energia

Com o aumento das contas de luz, a população deve buscar maneiras de reduzir o consumo de energia. Atitudes como evitar deixar aparelhos em stand-by, usar lâmpadas de LED e moderar o uso de eletrodomésticos de alto consumo, ajudam a conter o aumento.

Compra Coletiva e Armazenamento Inteligente

Outra prática que pode ser adotada é a compra coletiva de alimentos ou produtos em maior quantidade, diretamente de produtores ou cooperativas, o que pode garantir preços mais baixos. Planejar bem as compras e estocar alimentos não perecíveis, se houver possibilidade, também evita a compra em momentos de alta de preços.

Procura por Produtos Locais

Apoiar e consumir produtos locais, fortalece a economia da região e também oferece alternativas mais acessíveis, visando a logística dos produtos locais.

Reprodução Agência Cenarium

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