Redação – A Associação de Jornalismo Digital (Ajor) repudiou, nessa sexta-feira, 15, as ameaças de morte e ataques sofridos pela jornalista e diretora da REVISTA CENARIUM, Paula Litaiff, e as filhas dela, de 9 e 10 anos. A entidade também defendeu uma investigação “criteriosa e detalhada do caso”, que foi denunciado às autoridades do Amazonas na quarta-feira, 13.
Além da Ajor, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por meio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (Sinjor/AM), também se manifestaram sobre a tentativas de intimidações, que teve Litaiff e a família como alvos. As ameaças foram registradas após a CENARIUM noticiar contratos suspeitos do marido da blogueira, o empresário Janary Wanderlei Rodrigues, com órgãos do governo estadual.
Em nota, a Ajor defendeu que o poder público tem o dever de garantir a segurança de jornalistas e a liberdade de imprensa no País. A associação afirmou, ainda, que a elucidação de casos envolvendo ameaças e intimidações coíbe outros ataques contra profissionais da Comunicação pelo Brasil.
“A Ajor reitera a importância de uma investigação criteriosa e detalhada do caso, já que é inaceitável que um profissional de imprensa tenha sua vida e a de sua família atacadas por exercer o jornalismo de interesse público. O poder público tem o dever de garantir a segurança de jornalistas e a liberdade de imprensa no País”, diz trecho da nota.
Outras manifestações
Na quinta-feira, 14, a Abraji apelou à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM) a apuração com rigor das ameaças sofridas por Litaiff e pela família dela. De acordo com a entidade, por se tratar de um episódio de violência relativo a uma publicação de reportagem, as ameaças se tornam também um atentado contra a liberdade de imprensa, acabando por atingir toda a comunidade jornalística.
“A autoria das ameaças é atribuída a Cileide Moussallem, dona do Site CM7, cuja empresa do marido foi objeto de reportagem da Cenarium. Em suas redes sociais, Moussallem negou ter ameaçado Paula Litaiff e afirmou estar em São Paulo acompanhando o marido em uma cirurgia de coluna. No entanto, ainda na quarta-feira, o site Imediato, de Manaus, divulgou um áudio afirmando se tratar de Moussallem ameaçando a vida de Litaiff“, disse a Abraji.
Já o Sinjor-AM defendeu, também na quinta-feira, que um inquérito policial seja instaurado pela Delegacia Geral de Polícia Civil do Amazonas para apuração das denúncias relatadas às autoridades pela diretora da CENARIUM.
Entenda o caso
Em 8 de novembro deste ano, a jornalista Paula Litaiff assinou a reportagem “Empresa que negligenciou plano de saúde na Seduc/AM é ligada à blogueira e marido”, no qual apontou irregularidades, em um contrato de R$ 87 milhões, da Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc/AM) e a empresa Provisa, seguradora do plano de saúde Hapvida. O empreendimento é do marido da blogueira, Janary Rodrigues.
Os documentos mostram que o Contrato 007/2022, firmado pela Seduc com a Provisa, previa o fornecimento de atendimento médico aos servidores da pasta em todo o Estado. Os dados mostram que o contrato previa, aproximadamente, 20 mil beneficiários, mas o serviço não era realizado.
Três dias após a publicação da reportagem, a blogueira atacou Paula Litaiff no grupo de mensagens de WhatsApp “Grupo dos Jornalistas do Amazonas”, e citou as filhas da jornalista. “(…) ela vai pagar caro (…) Ela tem filhas. Ela sabe onde está se metendo. Quem paga são os filhos. A vida tem volta. (…) Pode escrever. Vai ter o que merece. Ela tem filhas. Paula Litaiff, meus filhos te acharam até o inferno. Agora vou ter que te achar nem que seja no inferno (sic)”, ameaçou Cileide Moussallem, por meio do número de telefone (92) 99269-xxxx. Veja prints:
No dia 13 de novembro, uma reportagem do Portal Imediato revelou um áudio no qual Moussallem promete “matar” a jornalista. A blogueira também fala sobre as consequências do crime. “Sangue. Eu vou mantar ela nem que eu vá presa”, diz trecho do áudio publicado pelo site de notícias.
O áudio foi analisado por especialistas e não há indício de utilização de Inteligência Artificial no conteúdo (IA). O Imediato se resguardou do direito constitucional ao sigilo de fonte sobre o áudio para proteger os denunciantes e o caso foi levado à Delegacia Geral da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Reportagem Agência Cenarium
