
Manaus/AM – Imagens de câmera de segurança e de uma testemunha registraram o momento em que a técnica de Enfermagem e ativista trans Karla Eshiley foi agredida por um motociclista de aplicativo na manhã desta segunda-feira, 16, no bairro Petrópolis, Zona Sul de Manaus (AM). De acordo com Eshiley, a violência foi motivada por preconceito.
Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança. O vídeo mostra a chegada da motocicleta no destino, na qual estavam o condutor e a ativista, às 8 horas 27 minutos. No local, enquanto aguarda o pagamento ser efetuado, o motociclista se desloca para a parte da sombra.
Nas imagens, Karla aparece tentando pagar a corrida ao agressor, mas, segundo ela, o motociclista não aceitou a forma de pagamento do valor de R$ 10, que seria parte no Pix e o restante em dinheiro. Uma discussão tem início. Ao deixar sua bolsa na sarjeta para falar com o homem, Karla é atingida por um objeto e, depois, é agredida com vários socos.
Um homem que estava próximo ao local também registrou as agressões com o seu celular. Nesta gravação é possível ouvir o motociclista chamando a ativista de “otário” e de “homem”, enquanto Karla o manda ir embora. As agressões se encerram após a técnica de Enfermagem pedir para o homem deixasse ela em paz para que pudesse ir trabalhar.
Relato
Karla Eshiley relatou à CENARIUM que percebeu “preconceito” da parte do motociclista. Segundo ela, desde o início da corrida no bairro Alvorada, o homem não queria levá-la ao destino final por ela ser trans. De acordo com o relato, primeiro ele tentou reverter a corrida para a Avenida Constantino Nery, bairro Chapada, mas Karla confirmou que o endereço do destino era ao bairro Petrópolis.
“Desde o começo ele estava com preconceito, ele não queria me levar. Na hora que eu sentei na moto, ele falou que veio pegar uma Karla, achando que não seria eu. Ele ainda tentou reverter a corrida afirmando que eu tinha pedido para a Avenida Constantino Nery, mas eu confirmei no meu aplicativo que não pedi errado“, afirmou.
Segundo a técnica de Enfermagem, o homem afirmou que iria levá-la apenas porque a mesma já estava em cima da moto. ”‘Você vai me levar ou não?’, e ele ‘tá, vou, né, tu já sentou na moto, vou levar’, e aí ele já começou a ir”, contou a ativista.
Karla Eshiley é também cuidadora de idoso e faz parte da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram). A associação afirmou que repudia qualquer atitude e agressões de transfobia, mas não irá divulgar mais detalhes sobre o agressor, com medo de retaliações.
Com informações da Agência Cenarium