
Redação – O músico Antônio Fernandes, pai do menino de 8 anos agredido por um servidor do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), relatou que o filho desenvolveu traumas após o episódio e não quer mais sair de casa. A agressão ocorreu em 4 de setembro, dentro do condomínio onde as duas famílias moram, em Manaus, e foi registrada em vídeo que circula nas redes sociais. Assista ao vídeo acima.
Segundo o pai, o menino foi atingido com um soco no ouvido esquerdo pelo homem identificado como Fábio Litaiff, provocando a perfuração do tímpano. Além das fortes dores e inflamação, a criança apresenta sinais de abalo psicológico.
“Ele não consegue dormir, chora muito e tem medo de descer para brincar. Está com receio de conviver com adultos e não quer sair de casa”, contou Antônio.
A irmã gêmea do menino também está assustada com a violência. De acordo com o pai, as duas crianças evitam ir à escola e ficam retraídas desde a agressão.
“Eles eram crianças alegres, brincavam no condomínio. Agora, não querem mais ir para a área comum e vivem com medo. É revoltante ver meu filho sofrer desse jeito”, afirmou.
Antônio relatou que o vídeo mostra o momento em que o servidor desce até a área comum do prédio, toma o celular da criança e o arremessa.
Ao tentar recuperar o aparelho, o menino foi atingido com o soco no ouvido. Nas imagens, ainda é possível ver o agressor impedindo que a vítima subisse para o apartamento.
O caso começou com uma brincadeira entre as crianças do condomínio, mas terminou em violência. O pai afirmou que, apesar da gravidade, o servidor não procurou a família para pedir desculpas.
“Ele é um funcionário da Justiça, alguém que conhece a lei. O mínimo seria demonstrar arrependimento. Mas até agora não houve nenhum pedido de perdão. Foi um ato covarde”, declarou.
O pai registrou boletim de ocorrência e levou o filho ao Instituto Médico Legal (IML). Um inquérito policial foi instaurado e deve ser encaminhado ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
“Eu ainda acredito na Justiça e espero que esse crime não fique impune. Meu filho precisa voltar a viver sem medo”, completou.
O g1 tenta localizar a defesa de Fábio Litaiff, mas até a atualização mais recente desta reportagem não houve retorno.
Nos registros feitos pelas câmeras de segurança do condomínio, é possível ver a criança correndo ao lado do agressor em uma área comum no térreo de um dos prédios. Em seguida, Fábio dá um tapa no rosto do menino, que cai no chão.
A criança se levanta e reage tentando agredir o homem. O suspeito, então, pega o celular e começa a filmar o menino.
Minutos depois, uma mulher se aproxima do local, conforme mostram as imagens. Segundo o pai, trata-se de uma funcionária da mãe do garoto, que questionou o ocorrido e ouviu do agressor outra versão da história, sem mencionar a violência.
Um Boletim de Ocorrência pelo crime de lesão corporal dolosa foi registrado no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). No dia seguinte à agressão, a criança foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar o exame de corpo de delito.
Ao g1, a Polícia Civil informou que após o registro, foram adotadas todas as providências cabíveis, incluindo a requisição do exame de corpo de delito da vítima. O caso será investigado pelo 22º Distrito Integrado de Polícia (DIP), delegacia responsável pela área do fato.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) informa que determinou à Corregedoria-Geral de Justiça a instauração de procedimento para rigorosa apuração das circunstâncias noticiadas.
“O TJAM ressalta, ainda, que serão adotadas todas as medidas administrativas e legais cabíveis, em conformidade com as normas que regem o serviço público e a atuação do Poder Judiciário”, disse o Tribunal na nota.
Laudo comprova perfuração do tímpano
Nos dias seguintes à agressão, o menino passou a sentir fortes dores na orelha. Ele foi levado a uma clínica especializada, onde foi identificada a perfuração do tímpano, conforme laudo emitido por um otorrinolaringologista.
Segundo os médicos, a lesão foi causada pelos tapas desferidos. Além da dor intensa, a orelha da criança chegou a apresentar secreção de pus.
“Paciente refere ter tido baque em orelha esquerda por agressão. No momento da consulta apresenta otorreia e perfuração de membrana timpânica a esquerda”, diz o laudo.
Após a realização de exames, como audiometria, o médico prescreveu medicamentos para controle da dor e segue acompanhando o quadro clínico do menino.
Fonte: G1 Globo
