Petróleo na Amazônia, Marco Temporal e ‘PL da Devastação’: entenda o que motivou ocupação na COP30

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Foto: Fred Santana/CENARIUM

Redação – MANAUS (AM) – A ocupação, por manifestantes, do Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém (PA), na noite dessa terça-feira, 11, foi motivada pela revolta em temas como a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, Marco Temporal e o “PL da Devastação”, infladas pela falta de visibilidade das comunidades tradicionais nas negociações climáticas, conforme apurou a CENARIUM, que realiza a cobertura do evento internacional.

O ato ocorreu dentro do espaço onde acontecem as discussões oficiais da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). A ocupação resultou em confronto com a equipe de segurança do evento.

À reportagem, um dos manifestantes, o advogado Ronaldo Barbosa, de Ribeirão Preto (SP), citou como um dos motivos para o protesto, durante a COP30, a necessidade de chamar atenção para as contradições entre o discurso climático do governo e suas ações na Amazônia.

Foto: Fred Santana/Cenarium

Ele mencionou, além da exploração de petróleo na Amazônia e o Marco temporal que ameaça os direitos territoriais dos povos indígenas, o “PL da Devastação”, o Projeto de Lei (PL) 2159/2021, que propõe uma flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, permitindo que a aprovação de projetos ocorra com base em autodeclaração, com pouca análise prévia por órgãos ambientais.

“A gente entende que é o momento de conseguir apresentar a intervenção na frente do polo, de onde está a COP, e fazer a denúncia do que é a exploração do petróleo liberada recentemente na Foz do Amazonas, entre tantas outras contradições que estão ocorrendo, seja a questão do Marco Temporal que a gente enfrentou, problemas reais, seja a falta de vetos no PL da Devastação“, disse Barbosa à CENARIUM, enquanto seguia para o hangar.

A ocupação ocorreu após um ato organizado por entidades que compõem a Marcha Global Saúde e Clima. Um grupo de manifestantes furou o bloqueio da segurança ocupou parte do Hangar Centro de Convenções da Amazônia, onde ocorrem as discussões com a presença de chefes de Estado e delegações internacionais. As imagens foram registradas pelos repórteres da TV CENARIUM Ana Cláudia Leocádio, Bianca Diniz e Fred Santana.

Em nota, as organizações que integram o movimento disseram “não ter relação com o episódio registrado na entrada da Zona Azul da COP30”. Segundo o comunicado, a marcha, que foi previamente comunicada às autoridades competentes, havia sido encerrada de forma pacífica.

A nota acrescenta que o grupo que se dirigiu à Zona Azul de forma independente, e que a mobilização pacífica reuniu profissionais da saúde, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil em defesa da vida, da Amazônia e da justiça climática.

Apib se manifesta
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nota à imprensa destacando que o direito à manifestação deve ser respeitado, mas que a entidade não coordenou as atividades da referida manifestação.

A organização indígena também ressaltou que há mais de três mil indígenas — brasileiros e estrangeiros — em Belém durante a COP30, e que embora não participem das negociações oficiais, seguem pressionando por espaço e reconhecimento nas decisões globais sobre o clima.

“Os povos indígenas não integram as negociações oficiais da COP30, mas têm incidido politicamente há mais de dois anos para que suas demandas sejam ouvidas e incorporadas nas decisões sobre o enfrentamento à crise climática“, consta na manifestação. “O movimento indígena sabe o que veio fazer e conhece o espaço que ocupa: estamos aqui para continuar arrancando compromissos e reafirmando que a resposta somos nós”.

Entenda o caso
Durante a ocupação, houve confronto entre os manifestantes e a equipe de segurança do evento. O tumulto começou quando os manifestantes romperam a barreira de isolamento e ocuparam a área destinada às delegações oficiais, o que provocou uma ação imediata das equipes de segurança do evento.

O ato também teve registros de violência contra jornalistas que acompanhavam a manifestação. Profissionais da TV CENARIUM relataram ter sido alvo de hostilidade durante a cobertura, com tentativa de intimidação por parte da segurança interna e danos a equipamentos de trabalho.

Fonte: Agência Cenarium

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