Ex-superintendente do Ibama, no Amazonas, é preso em operação da PF

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 O ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, José Leland Juvêncio Barroso, foi preso, na manhã desta quinta-feira (25), durante a operação ‘Arquimedes’, da Policia Federal (PF).

Ele é suspeito de participar de um esquema que facilitava a extração de madeira ilegal da Amazônia e exportava para o exterior. Só no Amazonas, a operação resultou na prisão de mais de 90 pessoas, entre servidores públicos, empresários e engenheiros florestais.

As investigações contra Leland tiveram inicio por meio do Ministério Publico Federal no Amazonas (MPF-AM), ainda em 2018, quando o ex-superintendente passou a ser suspeito de improbidade administrativa e responsabilidade civil e criminal.

O MPF-AM disse que o ex-superintendente do Ibama emitiu documento a um porto privado, em Manaus, recomendando que, em caso de dúvidas quanto à regularidade de algum embarque de cargas florestais, no caso de cabotagem ou cargas oriundas de outros estados, a situação deveria ser comunicada ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), para que o órgão estadual supostamente iniciasse fiscalização.

Desde o dia 15 de dezembro do ano passado, a PF, em conjunto com o Ibama e a Receita Federal (RF), apreendeu 444 contêineres com madeira ilegal sem Documento de Origem Florestal (DOF) e com outras irregularidades, com aproximadamente 8 mil metros quadrados de madeira em tora com documentação irregular, que seriam enviados para os Estados Unidos e Europa e Ásia. As cargas foram apreendidas no Porto Chibatão e no Superterminais.

Investigação

A operação investiga um esquema de corrupção entre os servidores do Ipaam e Ibama, engenheiros ambientais, detentores de planos de manejo e 63 empresas madeireiras envolvidas. Com um servidor do Ipaam, preso também nesta quinta, foram encontrados cerca de R$ 205 mil, em espécie.

De acordo com o responsável pela Delegacia de Repreensão Contra Crimes ao Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (DELEMAPH), Caio César, o servidor, que não teve o nome divulgado, tinha uma função bastante específica no órgão e utilizava das suas atribuições profissionais para favorecer madeireiros corruptos.

Segundo o delegado da PF, Max Ribeiro, os servidores públicos praticavam um esquema de corrupção. “Eles atuavam no comercio ilegal, cooptavam servidores públicos visando um maior lucro. Durante as investigações, identificamos diversos atos criminosos, a maioria dos servidores estavam ativos. Na prisão de um dos suspeitos, encontramos inclusive uma pistola calibre 38 que, na verdade, pertence a um órgão federal o que caracteriza o crime de porte ilegal de arma de fogo e peculato”, afirmou Ribeiro.

A Polícia Federal realizou coletiva, na manhã desta quinta-feira (25), para falar sobre a operação (Foto: Cristiano Ximenes)

 

A operação

O esquema de corrupção acontecia entre servidores, engenheiros e madeireiros, que tinha o objetivo dar celeridade a documentações, ‘passar fila’, e obter também informações sobre fiscalização nos locais de mata. Alguns pagamentos eram feitos diretamente entre servidores e madeireiros, com transação bancária direta ou quantias em espécie.

Foram expedidos 23 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária, 109 mandados de busca e apreensão cumpridos nos estados do Acre, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Roraima, Rondônia, São Paulo e no Distrito Federal, além da autorização de bloqueio de R$ 50 milhões nos CNPJs das empresas investigadas e outras 18 medidas cautelares.

A operação marca o início da utilização de uma ferramenta tecnológica de imagens de satélite que possibilita à PF identificar novos focos de desmatamentos quase que diariamente, o que resultou em uma melhor fiscalização e no aumento das ações in loco. Ainda segundo a PF, a madeira apreendida equivale a distância entre os estados de Belém e o Distrito Federal, cerca de 1.900 quilômetros.

Os investigados responderão, pelos crimes de falsidade ideológica no sistema DOF, falsidade documental nos processos de concessão e fiscalização de Plano de Manejo Florestal Sustentável, extração e comercio ilegal de madeira, lavagem de bens, direitos valores, corrupção ativa e passiva e de constituição de organização criminosa.

Com informações da assessoria

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