Governo do Estado e Ufam firmam parceria que vai ajudar a compreender história do Amazonas

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O Arquivo Público do Governo do Amazonas é o local onde estudantes de Arquivologia colocam em prática os conhecimentos que adquirem na sala de aula. Em contrapartida, 15 dos alunos que fazem o curso na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) dão uma importante contribuição para a história do estado: eles estão catalogando, limpando e fichando documentos históricos que, até gestões passadas, eram guardados no local de forma indevida. Antes desse trabalho ser iniciado, não se sabia quais relíquias o Arquivo Público abrigava. Agora, dá-se um passo que vai ajudar a compreender a história amazonense.

A Secretaria de Estado de Administração e Gestão (Sead) é a responsável pelo Arquivo Público e, pelo Governo, coordena essa parceria. “O novo governo tem a finalidade de resgatar o valor histórico e cultural que o Arquivo Público representa para o Estado do Amazonas. Atualmente estamos com uma parceria técnica que viabilizará esse projeto”, avalia a titular da Sead, Inês Carolina Simonetti.

A presença de pesquisadores no local é forte: mais de 70 já foram ao Arquivo Público em busca de informações só este ano. Antes, esses pesquisadores chegavam ao Arquivo Público para realizarem estudos e não sabiam o que iriam encontrar. O risco era que as pesquisas já começassem com falhas de informações. Hoje, os 15 alunos de Arquivologia, de forma voluntária, se revezam sobre documentos centenários que nunca foram catalogados para mudar essa situação.

Ou seja, por anos o Arquivo Público funcionou como um depósito de documentos, e a história dos órgãos públicos e entidades que compõem o Governo corria o risco de não ser preservada. Há outros documentos, de outros órgãos, nessa mesma condição e que chamam ainda mais atenção pela importância para o passado do Amazonas: livros de registros da Alfândega e do Porto de Manaus.

Conservação e cuidado – Pela Ufam, o projeto Políticas Arquivistas é coordenado pelo professor do curso de Arquivologia, Rodolfo de Azevedo. Segundo ele, o trabalho consiste em aplicar as técnicas do curso: higienizar, identificar a proveniência dos materiais e fichá-los captando informações importantes.

A próxima fase será reunir esses documentos pela similaridade do assunto que tratam, uma técnica chamada de arranjo. Esse trabalho, em relação aos documentos dos órgãos que fazem parte do estado, deve ser encerrado nesse semestre. Já em relação aos documentos da Alfândega e do Porto será necessário mais tempo. Nesse caso, o mais antigo já catalogado é de 1882.

“Qualquer pesquisador que viesse consultar os arquivos públicos não saberia o que iria encontrar, até porque o próprio Arquivo Público desconhecia essa informação”, disse o professor. Os alunos foram treinados por especialistas para fazerem a higienização. Nessa etapa foram retirados materiais que oxidam – como grampos e clipes – e que podem danificar os arquivos.

Outra técnica empregada pelo alunos é a paleografia, necessária para a leitura correta desses documentos. “A linguagem naquela época e a própria caligrafia, que é altamente subjetiva, podem ser diferentes. Tem muitos termos que não são atuais, como Manaus, que era ‘Manaós’, e o som do ‘f’, que era grafado com ‘ph’. Muitas abreviaturas daquela época hoje podem ter outro significado. E muitos termos hoje estão em desuso, como ‘trapiche’”, explicou.

Kelen Cruz é uma das alunas voluntárias que participam do projeto. Ela cursa o terceiro período de Arquivologia na Ufam. “É muito importante, é uma forma de eu aprender logo no início como é o universo do arquivo, aquilo que vai ser minha profissão”, disse.

Para o chefe do Arquivo Público, Marcelo Araújo, a parceria vai permitir que o local cumpra seu objetivo de existir. “Uma das funções que são fundamentais ao arquivo público é promover o acesso, na verdade, democratizar o acesso aos documentos públicos. É uma função que o Arquivo Público passa a ter como seu pilar nesse novo momento”, disse.

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