Tite alivia pressão com a vitória do Brasil sobre a Bolívia na Copa América

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Ainda como reflexo da eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018 e das atuações pouco convincentes desde então, Tite iniciou a Copa América pressionado. Mesmo o técnico tendo um retrospecto de 29 vitórias (agora 30), cinco empates e apenas duas derrotas.

Se a atuação na vitória por 3 a 0 sobre a Bolívia, na última sexta-feira, na estreia do torneio não foi de encher os olhos ou empolgar, ao menos amenizou o peso que o treinador carrega. Talvez, apenas o título da competição tire totalmente essa pressão, mas ainda é cedo.

Palco da estreia na Copa América, o Morumbi não é o melhor ambiente para um técnico de seleção brasileira que está pressionado por resultados. Historicamente, a torcida paulista é exigente com a Seleção (relembre aqui). Tanto que Tite dividiu opiniões antes de a bola rolar.

Quando o nome do treinador foi anunciado pelo sistema de som, logo depois da escalação titular e dos reservas, alguns torcedores vaiaram, e outros aplaudiram. Após a partida, Tite foi questionado sobre as vaias e como tem se sentido após mais uma estreia.

– Meu perfil não é ser incisivo. Sou direto. Mas não sou de fazer cena. Eu sou muito direto naquilo que tem de ser colocado. Estou mais cascudo. Absorvi um pouco mais (depois do tropeço na Copa do Mundo). Estou mais cascudo agora – falou o treinador.

“Área, área…”

Tite passou os 45 minutos do primeiro tempo (mais os dois de acréscimo) de pé, no canto direito da área técnica. Ora de braços cruzados, ora segurando o queixo, mas aparentemente tenso.

Aquela tradicional gingada do técnico à beira do gramado acompanhando uma jogada de ataque só foi vista uma vez, em tentativa de tabela de Firmino com Richarlison, que sofreu falta.

Depois de 15 minutos de um futebol fraco, com pouca emoção, Tite se dirigiu aos auxiliares no banco de reservas. A principal cobrança durante o primeiro tempo foi em cima dos meias.

Algumas vezes, o técnico gritou “área, área”, pedindo mais a presença desses jogadores perto do gol. Mas não adiantou. A seleção brasileira pouca produziu no primeiro tempo.

Nas poucas vezes em que a Bolívia chegou ao ataque, Tite aproveitou para passar instruções aos meio-campistas. Mas as vaias da torcida no intervalo não foram evitadas.

– Em clubes de massa, a experiência me traz, quando o time não está produzindo não dá para esperar uma compreensão maior do torcedor. Todos os clubes grandes têm essa característica. O futebol é assim. É do jogo. Não temos que ficar questionando – analisou Tite.

Gestos e orientações

Sem mudar nada na escalação para o segundo tempo, Tite voltou e se posicionou na ponta direita da área técnica. Mas os primeiros minutos da etapa final mudaram o semblante do treinador.

Foram dois gols de Philippe Coutinho em menos de dez minutos, um de pênalti, bem marcado com o auxílio do VAR, e outro de cabeça, após bom cruzamento de Roberto Firmino.

Tite, no primeiro, vibrou aliviado, mas no segundo extravasou de vez, ao perceber que a Seleção tinha construído, enfim, uma boa jogada. E com o gol como resultado.

A partir daí, os braços cruzados e a mão no queixo do primeiro tempo deram lugar a um Tite cheio de gestos e orientações à beira do gramado. E um sorriso largo foi visto após o golaço de Everton, a quem o técnico chama de Cebolinha.

Vale poderar, no entanto, que a Seleção esteve longe de apresentar um futebol empolgante. Valeu pelo resultado, claro. Mas há muito o que melhorar para os próximos jogos.

– Todo o processo é de evolução e de crescimento, de consolidação de equipe. Esse é o processo. Das partes boas e ruins, é um processo de evolução – completou o treinador.

Na terça-feira, na Fonte Nova, em Salvador, a seleção brasileira enfrenta a Venezuela, pela segunda rodada do Grupo A da Copa América. A partida será às 21h30.

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