Segundo imagens de satélite, balsas já se movimentavam para garimpo no rio Madeira há um mês

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Segundo o Greenpeace são 300 balsas estacionadas no rio Madeira (Bruno Kelly/ Greenpeace)
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Segundo o Greenpeace são 300 balsas estacionadas no rio Madeira (Bruno Kelly/ Greenpeace)

Redação – Autoridades brasileiras já tinham, há cerca de um mês, imagens de satélite mostrando a formação da vila fluvial de garimpeiros, no Rio Madeira, no município de Autazes (AM), para a exploração ilegal de ouro. Se não foi por falta de aviso que a concentração se formou, foi por aviso que se desfez. As embarcações se dispersaram ontem (26), diante do anúncio de uma operação da Polícia Federal. A antecipação pública foi criticada por ambientalistas.

As imagens da formação do garimpo são de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, dos EUA e da Europa. Há outras, em alta resolução e feitas todos os dias, da empresa Planet, adquiridas pelo governo, segundo César Diniz, coordenador do MapBiomas Mineração.

Diniz afirma que é constante a presença de balsas de garimpo no rio, do Amazonas a Rondônia. Mas nunca se viu a concentração atual. “Uma ação criminosa, nesse nível, demonstra um total desprezo pelas leis e certeza de impunidade”, afirma Diniz.

Os garimpeiros saíram no mesmo dia em que o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC) pediu ao governo federal o envio da Força Nacional de Segurança ao local. Áudios obtidos pela TV Globo, de garimpeiros, mostram como a retirada foi planejada. “Todo mundo se espalha e vaza fora. E quando a polícia chegar, ninguém tá aí”, diz um integrante do grupo.

Dados do MapBiomas, projeto que mapeia a superfície do território nacional, mostram que a área de garimpo, na Bacia do Madeira, saltou de 3.753 hectares, em 2007, para 9.660 hectares em 2020, recorde em 36 anos de dados.

Diniz afirma que, no passado, operações contra crimes ambientais eram sigilosas, para flagrar os responsáveis pelas irregularidades como desmatamento. “Falar (que vai mandar a polícia) é uma estupidez ou uma falha estratégica muito grande”, critica.

“Saíram, mas vão voltar”
Especialista do Observatório do Clima, Suely Araújo era presidente do Ibama, em 2017, quando uma operação, em Humaitá, apreendeu 37 balsas e levou garimpeiros a incendiar sedes regionais do instituto e do ICMBio. “Todos sabem da atividade ilegal e há tolerância em determinados períodos”, afirma.

Para Suely, os operadores dos garimpos não são miseráveis, já que investem em equipamentos. Ela lembra que a atividade costuma usar trabalho escravo. E diz que o governo dá sinais negativos ao defendê-la como solução econômica, enquanto critica órgãos ambientais. “As balsas foram retiradas, mas vão voltar”, avisa.

Com informações da Agência Cenarium

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