
Redação – Na antevéspera do segundo turno da eleição para presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) se enfrentaram na noite desta sexta-feira (28) no último debate da campanha. No encontro promovido pela TV Globo, os presidenciáveis trocaram acusações, defenderam seus governos e discutiram temas como corrupção, salário mínimo, acesso às armas e pandemia.
Os principais destaques do debate:
Primeiro bloco
Salário mínimo
Bolsonaro começou o debate dizendo que, mesmo diante de problemas com a pandemia, seu governo concedeu reajuste para os aposentados e elevou o salário mínimo.
Ele afirmou que o novo salário mínimo será de R$ 1.400 a partir do ano que vem. Segundo o presidente, Lula e o PT usaram a propaganda na televisão e nas inserções de rádio para dizer que o governo não irá reajustar o salário mínimo, as aposentadorias e vai acabar com direitos como o 13º, férias e horas extras. “Confirma isso? Fim do 13ª, das horas extras e das férias?”, questionou o presidente.
Lula começou sua participação agradecendo os votos que recebeu no primeiro turno e dizendo que sua candidatura representa “dez partidos políticos”, a “sociedade brasileira que defende a democracia”, as “mulheres que são vítimas de feminicídio”, além de trabalhadores, estudantes, o povo negro e os que amam a liberdade.
Sobre o salário mínimo, o ex-presidente afirmou que o valor atualmente é menor do que quando Bolsonaro assumiu o governo. “A verdade é que, durante todo o meu governo, eu aumentei o salário mínimo em 74%, enquanto ele não aumentou e agora é muito fácil prometer. Queria que ele respondesse o porquê, nesses quatro anos, ele não aumentou o salário mínimo”, disse.
O presidente disse que os reajustes não foram maiores por causa da pandemia e de uma “crise mundial”. “Fizemos o possível”, disse.
Os candidatos chamaram um ao outro de mentiroso.
“Se não fosse a gente trabalhar, os pobres estariam numa situação bastante difícil”, disse o presidente. “Estou querendo saber claramente por que você não deu aumento real para o salário mínimo, sendo que eu dei 74% de aumento real”, disse o petista.
Auxílio Brasil
Na esteira do salário mínimo, o Auxílio Brasil entrou em debate. Lula disse ser “sacanagem” comparar o Bolsa Família com o Auxílio Brasil porque o “Bolsa Família era só um dos programas de distribuição de renda que o Brasil tinha”. “Tinha condicionantes da criança estar na escola, da mulher vacinar as crianças, fazer o parto certinho, a gente tinha o PNAE, a gente fazia cisterna, era um conjunto de políticas públicas, não era só um Bolsa Família”, afirmou o ex-presidente. Segundo ele, no governo do PT, a economia vivia “um dos melhores momentos de sua história” e o PIB crescia 4%, enquanto atualmente cresce 1%.
Bolsonaro afirmou que Lula se “julga o pai dos pobres”. Ele questionou o petista sobre o valor de R$ 190 do Bolsa Família. Ele alegou que o programa de distribuição de renda criado no governo petista tornava as pessoas “escravas” do benefício.
Troca de acusações e corrupção
Na sequência, os candidatos trocaram acusações sobre corrupção. Lula questionou a quantidade de imóveis comprados pela família Bolsonaro com dinheiro vivo e citou as denúncias de rachadinhas envolvendo o presidente.
“Eu sou o único com atestado de idoneidade. Eu fui julgado para que você fosse eleito, por um juiz mentiroso, ganhei 26 processos da Justiça Federal, dois na ONU e na Suprema Corte. Agora, você tem que responder 36 processos”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro afirmou que Lula não foi absolvido nos processos da Lava Jato e que foi “descondenado” por um “amigo do Supremo”, em referência ao ministro do STF Edson Fachin. O presidente questionou onde estão ex-integrantes do governo petista que foram condenados sob suspeita de corrupção.
Lula acusou o candidato do PL de “esconder” o ex-deputado federal Roberto Jefferson, a quem chamou de “pistoleiro”, em referência ao ataque a tiros a policiais federais no último domingo (23).
Bolsonaro falou que Jefferson era amigo de Lula, com participação no escândalo do mensalão.
“O Roberto Jefferson explodiu o seu governo, o mensalão. Atrás disso, veio o petrolão, veio tudo, mais de cem pessoas presas”, disse. Ele afirmou que a participação de Lula nas eleições indica para os jovens que o “crime compensa”.
Os presidenciáveis discutiram sobre a autoria das obras do rio São Francisco e também discutiram política externa no final do bloco.
Política externa
Lula disse que Bolsonaro isolou o Brasil do mundo e criticou o governo por não ter “política de comércio exterior”. O ex-presidente defendeu a política externa de seu governo. “Fui o único presidente a ser chamado para todas as reuniões do G8, participei da criação do Brics, que criou o G20”, afirmou.
Bolsonaro respondeu que seu governo teve três vezes mais acordos comerciais do que o governo petista. E declarou que a política externa petista é com “o ditador Maduro, com Cuba, e agora com a Argentina”.
Lula voltou a citar o caso das rachadinhas e as denúncias de desvio no MEC. “Quer continuar falando dessas bobagens, que continue. Eu vou continuar falando que o Brasil está mais isolado que Cuba. Os cubanos têm relação com quase toda a América do Sul; e você, não”, afirmou.
“Quem tá em guerra é a Ucrânia e a Rússia. Quando eu enfrentei a crise de 2008, que quebrou os EUA, no ano seguinte o Brasil cresceu 7,5%”, declarou.
Bolsonaro afirmou ter negociado fertilizante com a Rússia para afirmar que o país não está isolado. “Estamos avançando com o acordo comercial com a União Europeia e o Mercosul, temos muita coisa em andamento, o mundo árabe me recebe de braços abertos. Falei com Biden há pouco tempo, com todo mundo”, disse.
Lula afirmou que o Brasil era protagonista mundial e virou um “pária” durante o governo Bolsonaro. O presidente disse que a balança comercial do país está batendo recorde.
Com informações CNN Brasil