Operação contra garimpo ilegal tem confronto entre agentes e moradores no AM

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Ação da PF no Sul do Amazonas atende a uma determinação da Justiça Federal (Reprodução/PF)

Redação – Vídeos gravados nesta segunda-feira, 15, mostram agentes federais disparando tiros em uma das vias públicas do município de Humaitá (AM), localizado a 590 quilômetros de Manaus, após uma operação coordenada pela Polícia Federal (PF) e outros órgãos de fiscalização destruir dragas usadas no garimpo ilegal no sul do Amazonas. A ação policial na região atende a uma determinação da Justiça Federal do Amazonas e, até as 12h, mais de 70 dragas foram destruídas no Estado.

Outras imagens registram os moradores na orla do Rio Madeira enquanto uma aeronave das forças de segurança se aproxima em voo rasante sobre a área. Além da PF, a ação conta com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública, do Ministério Público do trabalho e Ministério do Trabalho, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Também participam da operação a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Secretária de Segurança Pública do Amazonas.

PF destrói dragas usadas em garimpo ilegal no Sul do Amazonas (Reprodução/PF)

“Servidores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) acompanham a operação, adotando providências quanto às condições precárias de trabalho a que são submetidos os trabalhadores encontrados nas balsas”, informou a PF em nota. A insittuição dará mais detalhes sobre a ação em coletiva de imprensa, que será realizada na sede do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI).

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O momento da destruição dos equipamentos também foi filmado por moradores da região. Um dos registros mostram os agentes detonando explosivos para inutilizar as dragas usadas no garimpo ilegal. De acordo com a PF, também houve destruição de dragas no Estado de Rondônia, mas “os dados ainda estão em consolidação”.

Agente federal posicionado diante de um equipamento usado em garimpo ilegal no Rio Madeira (Reprodução/PF)

A operação ocorre uma semana após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitar um pedido da Defensoria Pública do Amazonas para impedir o uso de explosivos na destruição de balsas de garimpo. O ministro Francisco Falcão considerou que não há provas de ilegalidade ou abuso nas ações realizadas pelo Ministério da Justiça e pela PF, permitindo que a operação siga normalmente.

Ameaças de suspeitos

Em maio deste ano, a PF-RO já havia realizado uma operação integrada com outros órgãos para combater o garimpo ilegal na região. A ação ocorreu após vazar áudios atribuídos a garimpeiros incitando os suspeitos de atuarem nas atividades ilegais a desafiar os agentes da PF e do Ibama. Nas mensagens de voz, os suspeitos chegam a falar em “meter bala” nos policiais.

“Está na hora de meter bala nesses [agentes] arrombados”, disse. “Agora está na hora de pegar eles no lado, solta o foguete e arrebentam eles aí, [todos] estão na cidade”, comentou outro homem, não identificado. Os áudios foram revelados pelo jornal Folha de São Paulo e indicam uma escalada de tensão entre os garimpeiros ilegais e os órgãos de fiscalização.

Um morador de Humaitá, que não quis se identificar, afirmou que os garimpeiros se colocaram contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atribuiu à atual gestão a destruição dos equipamentos usados para as atividades ilegais. Em um vídeo, um homem afirma que “política é só quatro anos” e diz que Lula “pagará” pelas ações de fiscalização no local.

Satélite flagrou dragas em fevereiro

O garimpo ilegal no Rio Madeira é um problema recorrente e já motivou diversas ações da PF e do Ibama em parceria com órgãos estaduais. Em fevereiro deste ano, cento e sessenta e cinco dias após a maior operação contra o garimpo ilegal no Rio Madeira novos registros mostram a retomada das atividades ilegais. Na época, a Organização Não governamental (ONG) Greenpeace revelou que cerca de 130 balsas posicionadas ao longo de um dos maiores afluentes do Rio Amazonas.

As atividades ilegais foram confirmadas por meio alertas emitidos a partir de diferentes pontos do Rio Madeira, entre os municípios de Novo Aripuanã e Humaitá, localizados a 227 e 590 quilômetros de Manaus, respectivamente. O monitoramento foi realizado entre 10 e 22 de janeiro deste ano. “A organização alerta que o garimpo permanece ativo e descontrolado no Rio Madeira”, denunciou a Greenpeace.

De acordo com a ONG, sete alertas indicaram que havia balsas em fase de operação na região. Outros cinco se referiam às balsas em deslocamento rumo à áreas de atividade ilegal. As imagens foram captadas por um sistema de monitoramento remoto desenvolvido pelo próprio Greenpeace Brasil, que usou imagens do radar SAR, via satélite, Sentinel 1. A tecnologia é eficaz para áreas com alta cobertura de nuvens, característica da Amazônia.

A Greenpeace também afirmou que o Rio Madeira enfrenta uma epidemia de exploração ilegal de ouro. As atividades ilegais são impulsionadas por garimpos que usam as balsas para dragar os sedimentos do fundo do rio. A medida destrói o leito, contamina as águas e afeta comunidades ribeirinhas que moram na região e dependem do rio para o sustento.

Reprodução Agência Cenarium

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