Cientistas utilizam Inteligência Artificial para mapear queimadas na Amazônia

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Foto: Marizilda Cruppe

Redação – MANAUS (AM) – Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) aplicou redes neurais convolucionais (CNN), uma técnica de inteligência artificial, para detectar incêndios florestais na Amazônia nos anos de 2023 e 2024, a partir de imagens de satélite Landsat 8 e 9. A pesquisa, publicada no International Journal of Remote Sensing, mostra como a tecnologia pode complementar os sistemas já utilizados no monitoramento de queimadas e oferecer respostas mais rápidas e detalhadas às autoridades ambientais.

A equipe selecionou áreas críticas no sul do Amazonas, região conhecida como “Arco do Fogo”, onde municípios como Lábrea, Apuí e Novo Aripuanã concentram a maior parte dos focos de calor registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para treinar o modelo, foram utilizadas 484 imagens de satélite, captadas durante os períodos mais críticos de seca em 2023 e 2024. O sistema conseguiu classificar corretamente quase todos os casos de incêndio em imagens inéditas, o que demonstra a eficiência do mecanismo, mesmo diante de interferências comuns como fumaça e nuvens.

Reprodução/Greenpeace

O uso de CNNs representa um avanço em relação a plataformas já consolidadas, como Modis e VIIRS, que fornecem monitoramento contínuo em larga escala, mas com resolução espacial moderada. Enquanto esses sistemas detectam grandes áreas afetadas quase em tempo real, o modelo baseado em inteligência artificial aumenta a precisão em regiões específicas, permitindo identificar incêndios menores ou em áreas de difícil acesso.

Apesar de muito promissor, o modelo ainda precisa de ajustes. “Para garantir a robustez e confiabilidade na identificação de queimadas ainda é preciso, por exemplo, o aumento da quantidade de imagens para o treino da rede, ajustes de parâmetros, uso de imagens de outros satélites além dos Landsat, etc.”, explica Cintia Eleuterio Mendes, mestre em Geociências pela Universidade Federal do Amazonas (2025), uma das autoras do estudo.

A pesquisadora ressaltou à CENARIUM que, apesar da necessidade desses ajustes, o mecanismo já pode ser usado em outras plataformas. “Os resultados mostrados neste artigo são apenas com imagens dos satélites Landsat. Mas o modelo certamente pode ser usado para imagens de outros satélites”, explicou.

Foto: Marizilda Cruppe

Segundo o estudo, os dados gerados podem apoiar órgãos públicos e instituições ambientais na tomada de decisões mais rápidas para conter queimadas e reduzir danos à biodiversidade. Além de útil para a Amazônia, a metodologia pode ser aplicada em outros biomas brasileiros e regiões do planeta afetadas por incêndios recorrentes.

A pesquisa reforça a importância de ferramentas abertas e acessíveis para o acompanhamento das queimadas. As imagens utilizadas estão disponíveis gratuitamente por meio do portal EarthExplorer, do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), e os resultados obtidos podem contribuir para políticas públicas de prevenção, fiscalização e combate ao fogo.

Cintia Mendes acredita que essa metodologia pode ser expandida para outros biomas brasileiros que também enfrentam incêndios recorrentes, como Cerrado e Pantanal. “Embora o artigo mostre resultados sobre a Amazônia, pode ser usado não só para outros biomas brasileiros, como para qualquer lugar do planeta. As características de incêndios florestais aprendidas pelo modelo a partir das imagens, sempre serão as mesmas, independentemente de onde seja a imagem”, avaliou a pesquisadora.

Fonte: AGÊNCIA CENARIUM

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