
Redação – A menos de dois meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para acontecer de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), uma nova pesquisa Ipsos-Ipec, conduzida entre os dias 4 e 8 de setembro de 2025, revela um retrato ambíguo da opinião pública brasileira. Embora 64% da população apoie a realização do evento no País, a maioria (55%) admite estar “nada informada” sobre a cúpula climática. Apenas 6% afirmam estar “muito informados”.
O levantamento, feito por meio de 2.000 entrevistas domiciliares em 132 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de confiança, mostra que o desconhecimento é maior entre pessoas com Ensino Fundamental (62%) e renda de até um salário mínimo (62%).
Mesmo assim, o apoio à conferência aumenta conforme o grau de informação: chega a 83% entre os que se dizem “pouco informados” e a 77% entre os “muito informados”, indicando que quanto mais se conhece sobre o evento, maior tende a ser o respaldo popular.

Expectativas econômicas
A pesquisa mostra otimismo moderado em relação aos impactos econômicos do evento. Mais da metade dos entrevistados (56%) acredita que a COP30 trará mais benefícios do que prejuízos para o Brasil, um número que salta para 82% entre os apoiadores do evento e 70% entre os mais informados. Apenas 18% esperam prejuízos, e esse índice é expressivo (67%) entre os que não apoiam a conferência.

O prestígio internacional também é visto com bons olhos: 58% dos brasileiros acreditam que sediar a COP trará impacto “positivo ou muito positivo” à imagem do país no exterior. Entre os que apoiam o evento, o número chega a 82%, e mantém força entre os jovens de 16 a 24 anos (69%) e os mais informados (70%).

Belém
A escolha de Belém como cidade-sede divide opiniões. Para 43% dos entrevistados, a COP30 deveria ser realizada em um local com maior infraestrutura, mesmo fora da Amazônia. Já 33% consideram a escolha acertada, destacando o simbolismo ambiental e político da região amazônica. O apoio à decisão aumenta entre os mais informados (49%) e entre os que apoiam o evento no Brasil (46%).

Quando perguntados sobre o nível de preparo da capital paraense, 50% disseram acreditar que Belém estará “pouco ou nada preparada” para receber o evento, 29% afirmaram que estará “preparada ou muito preparada” e 21% não souberam opinar. Entre os apoiadores da COP30, 40% confiam na capacidade da cidade; entre os que rejeitam o evento, 74% duvidam da infraestrutura.

Prioridades brasileiras
Ao serem questionados sobre quais temas o governo brasileiro deve priorizar durante a conferência, os entrevistados deram centralidade à agenda florestal. A redução do desmatamento e proteção de florestas lidera com 40%, seguida de recuperação de áreas degradadas (27%), proteção dos direitos indígenas (13%) e financiamento internacional (12%). Temas ligados à educação climática, energia limpa, agricultura sustentável e saúde pública aparecem em patamares próximos a 10%.

Ceticismo moderado
Apesar do baixo nível de informação, 59% dos brasileiros acreditam que as decisões da COP30 terão impacto real e prático no combate às mudanças climáticas. Para os pesquisadores, esse dado indica que o público confia no potencial do evento, mesmo sem compreender plenamente sua dinâmica.

Engajamento
Segundo Márcia Cavallari, diretora da Ipsos-Ipec, os números evidenciam um apoio generalizado, mas também a necessidade de aproximar a conferência do cotidiano da população.
“Há uma percepção clara de que o tema é importante e de que sediar a COP30 é positivo para o país. O desafio agora é transformar esse apoio em um engajamento informado e participativo, conectando o debate climático à vida das pessoas”, afirmou Cavallari.
Fonte: AGÊNCIA CENARIUM
