Ex-vereador de Manaus, Massami Miki espalha fake news pelo WhatsApp

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A informação falsa foi compartilhada na função 'status' do WhatsApp de Massami Miki, ex-parlamentar (Tiago Corrêa/CMM)
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A informação falsa foi compartilhada na função ‘status’ do WhatsApp de Massami Miki, ex-parlamentar (Tiago Corrêa/CMM)

MANAUS – O ex-vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Massami Miki (Patriota), compartilhou nas redes sociais nesta segunda-feira, 9, uma informação falsa (fake news) sobre um esquema de chantagem envolvendo o ex-ministro-chefe da Casa Civil durante o Governo Lula, José Dirceu, e o presidente Bolsonaro (sem partido). Massami foi vereador da capital durante cinco mandatos consecutivos (1996-2016). Em 2020, o parlamentar chegou a disputar o cargo novamente nas eleições municipais, mas não foi eleito.

Na publicação, disseminada na função “status”, do WhatsApp, o ex-vereador compartilha uma notícia de que o presidente Bolsonaro teria “acabado” de revelar um esquema de chantagem em que o ex-ministro petista oferecia encontros, possivelmente de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com menores de idade, e filmava tudo, com o intuito de “chantageá-los”.

“José Dirceu estava pressionando os togados que, se não fizessem o que ele queria, iria jogar as filmagens para o Brasil e o mundo ver. Imagina vc ver um ministro do S…T…F… fazendo sexo com menores, com gays, fazendo acordos com traficantes!!! Pressionados por José Dirceu, eles cometeram arbitrariedades demais. Mas acabou. Bolsonaro já está com as provas nas mãos e os togados estão lascados”, diz o texto compartilhado por Massami Miki.

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Boato

A acusação, no entanto, já foi desmentida pelo site especializado em apuração e checagem de fatos e dados, boatos.org, comandado pelo jornalista Edgard Matsuki. O texto compartilhado pelo parlamentar, segundo o blog, nada mais é do que um trecho de um “compilado” de notícias falsas já desmentidas anteriormente pelo site. O boato ainda se parece com outra fake news, sobre João de Deus, que teria denunciado que ministros do STF tinham programas agenciados por ele, mas fatos do caso também não foram comprovados.

O médium João de Deus, contudo, é investigado pela suspeita de crimes sexuais que teriam sido cometidos por ele durante atendimentos feitos na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. As acusações contra o líder religioso, conhecido internacionalmente por fazer cirurgias espirituais em milhares de pessoas, começaram a vir a público em dezembro de 2018, quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, divulgou as primeiras denúncias de abuso sexual contra mulheres que o procuravam em busca de ajuda.

Após o programa, uma série de pessoas se encorajaram a também denunciar João de Deus, mas casos sobre o agenciamento a ministros do STF não foram relatados. Quase três anos depois, o médium já foi condenado por quatro vezes a penas que envolvem posse ilegal de arma de fogo, abuso sexual e estupro. Somadas, as condenações passam de 64 anos de prisão.

Textão

A informação falsa compartilhada pelo ex-vereador é apenas um trecho de uma fake news que, amplamente, vem sido compartilhada na internet por apoiadores de Bolsonaro. Massami, no entanto, compartilhou apenas o contexto envolvendo o ex-ministro. Nas redes sociais, por outro lado, a notícia também é acompanhada de uma denúncia que teria sido feita pelo diretor da agência de inteligência dos Estados Unidos CIA (na sigla em inglês), William J. Burns, que visitou o presidente no começo de julho deste ano.

No encontro, Burns teria levado ao presidente vídeos sigilosos que a Cia havia rastreado, além de ter falado que Bolsonaro venceu as eleições presidenciáveis de 2020 ainda no primeiro turno. “Tentaram forjar no 2⁰ turno, só que a diferença em favor de Bolsonaro era gigantesca, ainda assim divulgaram um resultado falso, Bolsonaro teve 74 milhões no 2⁰ turno e não 58. Agora, esta semana ou na próxima, algo vai acontecer em Brasília”, diz trecho da mensagem.

O caso, no entanto, não foi comprovado. Segundo o site boatos.org, todas as reclamações de fraude nas eleições de 2018 foram indeferidas e não há qualquer prova de que “Bolsonaro ganhou no primeiro turno”. A tese sobre a fraude, para o site, é mais uma tentativa de bolsonaristas para levantar a pauta que a única salvação para as eleições é o voto impresso.

Fake news

Fake news é o significado de “notícia falsa”, traduzindo do inglês para o português. Especialistas em Direito afirmam que uma informação inverídica pode levar a responsabilidade de crime contra a honra. Conforme o professor Jaime Barreiros, doutor em Ciências Sociais e analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), casos como esses são investigados no âmbito da Justiça Comum.

“Fora do período de eleição, não cabe à Justiça Eleitoral averiguar essa questão, mas, no âmbito da Justiça Comum, aquele que difunde fake news poderá ser responsabilizado por crimes contra a honra, por exemplo. Os que exercem mandatos eletivos podem ser responsabilizados por crime de responsabilidade”, destacou o especialista, em fala concedida ao TRE-BA.

Para evitar o compartilhamento de fake news, é preciso ficar atento à fonte da notícia, checar a veracidade da informação, ler o texto da matéria e não apenas o título, além de prestar atenção no endereço eletrônico da reportagem e confirmar a notícia em outros sites. Na dúvida, não repasse a notícia.

Sem retorno

CENARIUM entrou em contato telefônico e via WhatsApp, com o ex-vereador de Manaus, Massami Miki, por meio do número de celular com final 086, e questionou o parlamentar se ele checou a veracidade da informação compartilhada nas suas redes sociais. Até a publicação desta matéria, a reportagem não obteve retorno.

Fonte: Agência Cenarium

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