Redação – Trabalhadores, estudantes, movimentos sindicais e de esquerda se reuniram nesta sexta-feira, 15, em diversas partes do Brasil para manifestar apoio ao fim da escala 6×1. Manaus também aderiu ao ato, com pessoas percorrendo a Avenida Autaz Mirim, na Zona Leste, pedindo pela redução da jornada de trabalho.
“Nós vivemos em um mundo que está roubando tudo da gente, inclusive o tempo. Não temos mais tempo pra nada. Pra ir ao médico, pra cuidar dos filhos, da família, pra cuidar da saúde mental e física. O sistema é escravocrata”, relatou a pedagoga Rita Al Qamar, uma das vozes do movimento, ressaltando ainda ser crucial que todo trabalhador e trabalhadora participe dos atos.
Evanir Nascimento, professora universitária, destaca que a mobilização é necessária, uma vez que une a classe trabalhadora para “algo que realmente interessa a ela”. “As pessoas sentem na pele o que é ser explorado, e aí quando uma voz se levanta, as outras se reconhecem juntas. A gente fica feliz que isso esteja reverberando com os movimentos de base”, disse a professora.
Seis dias por semana
A escala 6×1 é o modo de trabalho em que o funcionário trabalha seis dias por semana e folga apenas um. Muito comum em empresas brasileiras, essa carga horária é prevista pela Constituição Brasileira de 1988, que estabelece, no Artigo 7°, “a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”, com repouso “preferencialmente aos domingos”.
A psicóloga Acácia Mota também esteve presente no ato e, apesar de não trabalhar em escala 6×1, relatou que consegue ver em seus pacientes os danos causados por essa carga horária. “Pra mim está muito claro a associação entre estilo de vida e doença mental. Então, eu acho que esse diálogo tem que começar para gente tentar enxergar o nível de adoecimento que as pessoas estão vivendo hoje”, disse ela.
Vida além do trabalho
À frente do ato desta sexta-feira nas capitais brasileiras está o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado em 2023 por Rick Azevedo, agora vereador eleito pelo Psol no Rio de Janeiro. Foi Rick quem chamou atenção à pauta nas redes sociais durante o último ano, levando a deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) a criar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para debater o assunto no Congresso Nacional.
A PEC precisava do apoio de 171 deputados para que pudesse começar a tramitar. Apesar da rejeição de alguns parlamentares a princípio, agora, a PEC já conta com quase 250 assinaturas, segundo afirmou Erika Hilton, durante ato em SP nesta sexta-feira.
O VAT também criou uma petição pública, destinada ao Congresso Nacional, que já possui mais de 2 milhões de assinaturas pedindo o fim da escala.
*Reprodução Revista Cenarium